2013-01-02 17:46:23

Arcebispo sírio denuncia: nosso trigo saqueado e vendido aos turcos


Hassaké (RV) – Dois apelos urgentes foram lançados à Presidência da Fao – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, sediada em Roma – e ao Primeiro Ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, com o pedido para uma intervenção ante da emergência humanitária que está levando centenas de milhares de sírios à região de Jazira, na Alta Mesopotâmia síria.

O Arcebispo Jacques Behnan Hindo, titular da arqui-eparquia sírio-católica de Hassaké-Nisibi, da paróquia dos Santos Pedro e Paulo em Kamishly, chama a atenção novamente para um dos muitos aspectos escondidos do drama sírio: “As coisas pioram rapidamente e a situação – adverte o Arcebispo sírio – pode se tornar rapidamente catastrófica”.

No texto do apelo enviado à Fao, e publicado pela Agência Fides, o agravamento das condições de sobrevivência da população é descrito em detalhes. No início do inverno, todas as atividades econômicas estavam paralisadas. As estradas para o abastecimento, na direção oeste, estão interrompidas há mais de um mês; gradualmente as reservas de primeira necessidade estão chegando ao fim e os preços de tudo estão aumentando vertiginosamente. A falta de combustível impede o aquecimento das residências e o andamento de todas as atividades agrícolas justamente no início da temporada de semear. “Os silos para armazenar grãos de trigo – explica o Arcebispo Hindo – foram saqueados e o trigo foi vendido a comerciantes turcos que o levaram para a Turquia, sob os olhos da alfândega turca. Nossos grãos foram vendidos a um preço muito baixo”. Nas últimas décadas, os grãos de maior qualidade eram vendidos abaixo do custo devido às políticas agrícolas do governo central de Damasco.

Além das sementes saqueadas, o Arcebispo Hindo denuncia o progressivo desaparecimento de produtos vitais como o leite para crianças e remédios, a começar pelos antibióticos. A única rota de ligação com o exterior permanece a estrada internacional para o Iraque, que une a Alta Mesopotânia síria com Mossul. No texto de seu segundo apelo, dirigido ao Premiê iraquiano Al-Maliki, Dom Hindo apresenta ao líder político do país confinante um pedido concreto: “Venham ao nosso socorro o mais rápido possível, enviando-nos 600 cisternas de combustível, 300 cisternas de gasolina e algumas toneladas de farinha”.

O Arcebispo sírio, na mensagem enviada à Fides, relaciona o sofrimento vivido hoje por seu povo ao experimentado pelos iraquianos em seu recente passado: “Nós – escreve Dom Hindo ad al-Maliki – sofremos aquilo que o povo iraquiano sofreu com a imposição do embargo. As primeiras vítimas foram as crianças. Vocês sentiram em seus corpos, em suas almas e em suas crianças toda a injustiça. Porquê, a este ponto, é somente o povo a ser punido, e não o governo. Assim, os Estados colocam seus interesses acima dos interesses dos homens e também acima dos direitos que Deus tem sobre aquilo que é obra Sua”.

A região de Jazira, com os centros urbanos de Kamishly e Hassakè contava um milhão e meio de habitantes, aos quais se somaram pelo menos 400 mil refugiados provenientes de Aleppo, Homs, Deir-Ez-Zor e Damasco, desde o início da guerra civil.
(CM)








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