Bento XVI assegura empenho irrevogável da Igreja Católica no caminho ecuménico, na
oração com jovens peregrinos de Taizé
Bento XVI recebeu
ontem na Praça de S. Pedro as dezenas de milhares de jovens participantes no encontro
europeu promovido pela comunidade ecuménica de Taizé e disse-lhes que Deus “não os
deixa sós”. Num momento de oração que decorreu na Praça de São Pedro, o Papa recordou
também a figura do fundador da comunidade, o irmão Roger, como “testemunha infatigável
do Evangelho da paz e da reconciliação, animado pelo fogo de um ecumenismo de santidade”.
Bento XVI encorajou os jovens a serem “portadores da comunhão” e chamou-lhes “pequenas
luzes” para a sociedade que merece “uma distribuição mais equitativa dos bens da terra”
e “uma nova solidariedade humana”. Com palavras de boas-vindas, Bento XVI começou
por aludir ao testemunho do martírio dado em Roma por São Pedro e São Paulo. “A fé
que animava estes dois grandes Apóstolos é a mesma fé que vos pôs a caminho” – observou
o Papa, que se congratulou com o facto de em 2013 os jovens ligados a esta iniciativa
de Taizé se proporem “libertar as nascentes da confiança em Deus, para as viverem
no dia a dia”. Um modo de sintonizar com a intenção do Ano da fé, em curso.
Recordando
que este é o quarto Encontro europeu a decorrer em Roma, o Papa Ratzinger citou as
palavras dirigidas aos jovens, em idêntica circunstância, em dezembro de 1987: “O
Papa sente-se profundamente empenhado convosco nesta peregrinação de confiança através
da terra… Também eu sou chamado a ser um peregrino de confiança em nome de Cristo”.
Bento XVI recordou que faz agora “setenta anos que o Irmão Roger estabeleceu
a Comunidade de Taizé. Milhares de jovens de todo o mundo continuam a deslocar-se
ali, à procura de um sentido para a vida. Os Irmãos convidam-nos a partilharem a sua
oração e oferecem-lhes uma oportunidade para fazerem a experiência de uma relação
pessoal com Deus”.
Ora – recordou o Papa - foi precisamente “para apoiar
os jovens na sua caminhada ao encontro de Cristo que o Irmão Roger teve a ideia de
promover uma peregrinação de confiança através do mundo”. “Testemunha incansável
do Evangelho da paz e da reconciliação, ardentemente empenhado num ecumenismo de santidade,
Irmão Roger encorajava todos os que passavam por Taizé a tornarem-se promotores de
comunhão”.
Bento XVI convidou pois os jovens congregados por Taizé a seguirem
o exemplo do fundador da Comunidade ecuménica partilhando a sua mensagem de unidade.
Neste contexto, o bispo de Roma fez questão de reafirmar solenemente o empenho da
Igreja Católica de prosseguir no caminho da reconciliação: “Asseguro-vos o irrevogável
compromisso da Igreja Católica em prosseguir no caminho da reconciliação que leve
à unidade visível dos Cristãos”. E saudou “com especial afeição” os jovens ortodoxos
e protestantes presentes na praça de São Pedro.
Até 2 de janeiro, estão programados
para Roma encontros de oração, reflexão e vida comum nas paróquias e nas famílias
que acolhem estes jovens vindos de diversos países, incluindo Portugal com mais de
700 peregrinos. O irmão Alois, atual prior de Taizé, realçou em entrevista à Rádio
Vaticano que “muitos jovens vivem um momento difícil economicamente, por isso é ainda
mais importante ir à fonte da fé" para encontrar "um encorajamento para o futuro”.
Os jovens “católicos, mas também ortodoxos e protestantes”, querem “viver no sinal
de Cristo” e celebrar juntos estes dias, acrescentou. Em relação ao novo ano que se
avizinha, o prior de Taizé espera que se encontrem “novos caminhos de solidariedade”
e que seja um “ano de paz em muitos lugares do mundo, como a Síria e onde há guerra
e violência”. Esta é a 35ª edição desta ‘Peregrinação de Confiança através da Terra’
iniciada pelo irmão Roger, fundador da comunidade monástica. Inserido no programa
do Ano da Fé, este encontro proporciona aos jovens presentes seis dias de reflexão,
oração e partilha com paróquias, famílias e comunidades religiosas da capital italiana.
Para além do encontro de oração, nesta tarde, com o Papa, os jovens participantes
são convidados “a fazer uma peregrinação aos túmulos dos apóstolos e às catacumbas,
a rezar nas grandes basílicas. Não é a primeira vez que este encontro europeu de Taizé
tem lugar em Roma. A última vez foi em 1987, há 25 anos, mas já antes aqui se realizara
em 1980 e 1982. O facto de decorrer em Roma dá ao encontro uma fisionomia um pouco
diferente da que teve nos últimos anos, depois de Bruxelas, Poznan, Roterdão e Berlim.
Em vez de terem lugar em grandes pavilhões de um enorme parque de exposições, as orações
comunitárias serão em sete grandes igrejas da Urbe, incluindo as principais basílicas:
São João de Latrão, Santa Maria Maior e São Paulo fora de muros.