Cidade do Vaticano (RV) - O editorial do Diretor-Geral da Rádio Vaticano desta
semana é referido ao discurso de fim de ano feito pelo Papa nesta sexta-feira aos
seus colaboradores da Cúria Romana.
Padre Federico Lombardi inicia dizendo
que o encontro para os votos de Natal da Cúria Romana é sempre muito pessoal e cuidadosamente
estudado pelo Santo Padre. É uma reflexão sobre o ano que passou, mas também um aprofundamento
de temas que Bento XVI considera mais urgentes e atuais.
São coisas sobre as
quais ele sente o dever de manifestar o seu pensamento, indo aos fundamentos com a
clareza e a coragem que o caracterizam: é o seu dever em relação à Igreja e à humanidade,
mesmo que isso possa suscitar resistências ou reações negativas. Dois temas foram
escolhidos este ano: família e dualidade do homem e da mulher; e diálogo e anúncio
da fé.
Pe. Lombardi afirma que “em relação à família, o Papa não entra nas
discussões sobre a legislação e os matrimônios homossexuais, e também não retoma as
inesquecíveis palavras de proximidade aos casais em dificuldade, pronunciadas Semana
da Família de Milão, mas reafirma que hoje em dia, está em jogo a questão "quem é
o homem".
A dualidade do homem e da mulher é essencial para o ser humano.
Dela nascem as relações fundamentais entre pai, mãe e filhos. A dualidade está inscrita
na natureza da pessoa, nos desígnios de Deus criador. Negá-la é contrário à verdade,
e afirmar que é a própria pessoa humana a determinar a sua identidade é um passo destrutivo,
que abre caminho à manipulação arbitrária da natureza, com consequências gravíssimas
para a dignidade do homem; a começar pela dignidade dos filhos, considerados como
objeto de um direito e já não como sujeitos de direitos.
Na "luta pela família",
enfim, está em jogo a própria pessoa humana. O Papa faz ampla referência a quanto
foi escrito pelo Grão Rabino de França, demonstrando que a posição da Igreja não é
estritamente confessional, mas sim da razão, partilhada na grande tradição judaico-cristã.
Também
o segundo tema aprofundado pelo Papa provocará discussão. É atualíssimo e não é separado
do primeiro: o cristão entra na relação de diálogo como portador da grande experiência
da humanidade lida à luz da fé, sentindo-se responsável pelos valores mais preciosos
e duradouros para além das soluções puramente pragmáticas. E entra em diálogo com
a confiança de que a busca da verdade nunca porá em causa a sua identidade cristã.
Porque a verdade não é orgulhosamente possuída por nós, mas nos chama e nos guia,
como Cristo que nos acompanha pela mão.
Também este é um voto de Natal. Profundo,
exigente, atual. (CM-JMP)