Papa: "Viver o Natal com a humildade de Nossa Senhora"
Cidade
do Vaticano (RV) – A audiência geral desta quarta-feira realizou-se na Sala Paulo
VI. Nesta III semana do tempo de Advento, o Papa apresentou aos fiéis uma reflexão
sobre a fé de Maria a partir do grande mistério da Anunciação.
Bento XVI começou
lembrando que o anjo convidou a Virgem a se alegrar, chamando-a “cheia de graça”.
Tal saudação anuncia o fim da tristeza que existe no mundo diante dos limites da vida,
do sofrimento, da morte, da maldade, das trevas do mal que parece obscurecer a luz
da bondade divina. “É uma saudação que marca o início do Evangelho, da Boa Nova” –
prosseguiu o Pontífice.
“A fonte da alegria de Maria é a graça, a comunhão
com Deus. Ela é a criatura que, mediante sua atitude de escuta da palavra e da obediência,
abriu de modo único as portas a seu Criador, colocando-se em suas mãos, sem limites”.
“Assim como Abraão, Nossa Senhora também confiou plenamente na divina Palavra,
convertendo-se em modelo e mãe de todos os cristãos. E do mesmo modo, sua fé também
incluiu um momento de incerteza - as trevas da crucificação de seu Filho – antes de
chegar à luz da Ressurreição”.
O Papa explicou que o mesmo ocorre no caminho
de fé de cada um de nós: existem momentos de luz e passagens onde parece que Deus
está ausente; seu silêncio pesa em nossos corações e sua vontade não corresponde à
nossa. “Mas – ressalvou Bento XVI – quanto mais nos abrirmos a Deus, acolhermos
o dom da fé e depositarmos Nele a nossa confiança – como fizeram Abraão e Maria –
mais Ele nos ajudará a viver as situações da vida em paz e com a certeza de sua fidelidade
e de seu amor. Isto acarreta que saiamos de nós mesmos e de nossos projetos e deixemos
que a Palavra de Deus seja a lâmpada que guie nossos pensamentos e ações”.
“A
fé sólida de Maria foi possível graças à sua atitude constante de diálogo íntimo com
a Palavra de Deus, à sua humildade profunda e obediente, que aceitou tudo, até o que
não compreendia da ação de Deus” – recordou o Papa.
Finalizando, Bento
XVI disse que a solenidade do Natal nos convida a viver esta mesma humildade e obediência
de fé. “A glória de Deus não se manifesta no triunfo e no poder do Rei, não resplandece
numa cidade famosa, num suntuoso palácio, mas habita no ventre de uma virgem, se revela
na pobreza de um menino”.
Como faz todas as quartas-feiras, Bento XVI
leu aos fiéis breves resumos de sua catequese em várias línguas, inclusive português.
Estas foram as suas palavras:
“No caminho do Advento, ocupa um lugar especial
a Virgem Mãe, que acolheu na fé e na carne Jesus, o Filho de Deus. N’Ela vemos a criatura
que, de modo incomparável, abriu de par em par as portas ao seu Criador, submetendo-Se
livremente à vontade divina na obediência da fé: adere com plena confiança à palavra
que Lhe anuncia o Mensageiro de Deus. E este «sim» de Maria à vontade divina repete-se
ao longo de toda a sua vida até ao momento mais difícil: o da Cruz. Ela não se contenta
com uma percepção imediata e superficial do que sucede na sua vida, mas entra em diálogo
íntimo com a Palavra de Deus e deixa-se interpelar pelos acontecimentos, procurando
a compreensão que só a fé pode garantir. Maria acolhe mesmo aquilo que não compreende
do agir divino, deixando que seja Deus a abrir-Lhe o coração e a mente. Assim se tornou
modelo e mãe de todos os crentes. Pela sua fé, todas as gerações A chamarão bem-aventurada”. “Amados peregrinos de língua portuguesa, a minha saudação amiga para todos,
com votos de um santo Natal de Jesus no coração e na família de cada um, pedindo a
mesma humildade e obediência da fé de Maria e José, que vos faça ver, na força indefesa
daquele Menino, a vitória final sobre todos os arrogantes e rumorosos poderes do mundo.
Bom Natal!”.
Antes de se despedir dos fiéis, o Papa concedeu a todos a
sua bênção. A próxima audiência geral de Bento XVI com os fiéis será em 2 de janeiro
de 2013. (CM)