Jerusalém (RV) - Para as comunidades cristãs do Oriente Médio também o próximo
Natal será vivido em meio a tensões. Às históricas e graves situações políticas da
região se somam o conflito na Síria, os protestos no Egito, os confrontos em Gaza
e o recrudescimento da violência no Iraque.
A emergência política, social
e humanitária vivida na região motivou os Bispos das Igrejas Católicas do Oriente
Médio a lançar um apelo no início deste mês, conclamando as populações à paz e à reconciliação
para garantir a todos a liberdade e a tutela da dignidade humana. Líderes religiosos
também exortaram os cristãos a não abandonarem as suas terras de origem, mas para
ter uma presença ativa na sociedade árabe.
Dentro deste contexto, a Agência
SIR conversou com o Custódio da Terra Santa, Padre Pierbattista Pizzaballa, sobre
a vivência do Natal. Ele recordou que "o Natal é nascimento" e por isto, acredita
que a resposta para a pergunta sobre a forma como este deva ser vivido, está “na capacidade
e na disposição de se recomeçar tudo do início, de renascer, sem se deixar dominar
pelo desconforto, pela idéia de que tudo tenha acabado ou que nunca mudará. Devemos
retomar a estrada da esperança para sermos pedra viva nesta terra em que fomos chamados
a viver”. Falando sobre a situação vivida pelos cristão no Oriente Médio, Padre
Pizzaballa alerta que “ir embora não é a solução”. “A decisão de permanecer nesta
terra passa pela tomada de uma nova consciência. É uma missão que nos convida a nos
inserirmos na realidade”.
O Custódio da Terrra Santa destaca que mesmo em minoria,
os cristãos devem se esforçar para dialogar com todas as realidades sociais que existem,
em especial com os moderados, buscando a abordagem de temas como a cidadania, os direitos
humanos, a vida, a tolerância, a liberdade. “Devemos unir nossa voz à deles e àquela
da comunidade internacional. Nós não temos alternativa senão nos aliarmos com as forças
positivas e moderadas da sociedade. Isto é indispensável”.
Referindo-se à situação
na Síria, Pizzaballa reconheceu que “sob as bombas é difcil falar de Natal”. Porém,
recorda que “sob cada ruína existe sempre um renascimento”.
Em sua mensagem
de Natal, ele recorda que “o sofrimento e a dor existem, mas que devemos ter a consciência
que somos filhos do Deus que se encarnou e que nos dá forças para viver nesta situação.
Sobretudo ele dá a serenidade necessária aos jovens e crianças para que possam pensar
num futuro diferente. O pior – afirma - seria viver sem esperança acreditando que
um futuro melhor não é posível” (JE)