Administrar com transparência - Cardeal Bertone apresentou o novo regulamento da Prefeitura
para os Assuntos Económicos da Santa Sé
Foi ontem terça-feira (dia 18) apresentado o novo regulamento da Prefeitura para os
Assuntos Económicos da Santa Sé. Coube ao Secretário de Estado, Cardeal Tarcísio Bertone,
a missão de apresentar as novas disposições, que assumem especial importância em ordem
a assegurar a máxima transparência na administração dos recursos financeiros no Vaticano.
O Cardeal Bertone fez notar, desde logo, que a Igreja sempre considerou os bens temporais
como meros instrumentos apenas necessários para o desenvolvimento da missão da Igreja,
citando a propósito o próprio Direito Canónico. Recordou assim as principais componentes
dessa missão: as obras de apostolado, as obras de caridade, o sustento do clero e
o culto divino. A Igreja por si só não possui bens mas sim através dos múltiplos membros
que a compõem. Daí a importância da Prefeitura para os Assuntos Económicos que viu
agora reformulado o seu regulamento.
Foi Paulo VI a querer que, na Cúria Romana
por si reformada, existisse um departamento para a gestão dos assuntos económicos
da Santa Sé. Esse departamento teria funções muito específicas: "conhecer, controlar,
vigiar e coordenar todos os investimentos e operações económicas mais importantes
da Santa Sé". No espírito do Papa Montini havia o desejo de modernizar todo o trabalho
desenvolvido com o objectivo fundamental de assegurar à Igreja um aspecto essencial
para a sua própria existência -o da sua auto-suficiência económica. Contudo,
no passado recente, segundo o Cardeal Bertone, a Prefeitura "tinha-se transformado
numa espécie de central de contabilidade da Santa Sé, ficando ofuscados os seus deveres
de programação e coordenação económica geral”. Com o novo regulamento volta-se ao
espírito originário da sua constituição. Assim, a Prefeitura para os Assuntos Económicos
transforma-se numa entidade superior em relação às diversas e específicas administrações
existentes no Vaticano, tendo, para o efeito, uma relação directa com a Secretaria
de Estado com a qual deverá desenvolver as linhas de “orientação e programação”.
O
novo regulamento, promulgado em fevereiro passado, surge no período em que a Santa
Sé decidiu adequar-se às normas internacionais de controlo financeiro. Por conseguinte,
o Vaticano deve assegurar “a necessária transparência das suas actividades económicas
e financeiras”, o que exige um empenho cada vez mais incisivo e coordenado de correção
da parte de cada uma das administrações na gestão do património e das actividades
económicas. A concluir o Cardeal Bertone recordou ainda que num período de crise financeira
internacional também a Santa Sé deverá reduzir gradualmente as suas despesas. “É mais
do que nunca necessário que cresça em todos a consciência do dever de sustentar não
só a missão da Igreja e da Santa Sé, mas também a sua credibilidade”.
Para
ilustrar as funções da Prefeitura para os Assuntos Económicos da Santa Sé à luz do
novo Regulamente terá lugar amanhã, quinta-feira (dia 20), na Sala de Imprensa da
Santa Sé, um briefing com os jornalistas. Intervirão o Presidente, o Secretário e
o Contabilista Geral da Prefeitura para os Assuntos Económicos da Santa Sé, respetivamente
o Cardeal Giuseppe Versaldi, Mons. Lucio Vallejo Balda e o Dr. Stefano Fralleoni.