Desporto ao serviço do homem e não o homem ao serviço do desporto: Bento XVI recebendo
Comité Olímpico Italiano
“Um desporto ao serviço do homem e não o homem ao serviço do desporto” foi a proposta
feita pelo Papa ao receber, nesta segunda de manhã, no Vaticano, uma delegação do
Comité Olímpico italiano, com os atletas que representaram a Itália nos Jogos Olímpicos
de Londres. Felicitando-os pelas vitórias alcançadas (28 medalhas, oito das quais
de ouro), Bento XV observou que aos atletas se pede mais do que o simples competir
e obter bons resultados. “Toda e qualquer atividade desportiva, tanto a nível
de amadores como de competição, exige lealdade, respeito pelo próprio corpo, sentido
de solidariedade e altruísmo, mas também alegria, satisfação, festa.” “O que
pressupõe um caminho de autêntica maturação humana, feita de renúncias, de tenacidade,
de paciência, e sobretudo de humildade, que não suscita aplausos, mas que é o segredo
da vitória. “Um desporto que queira ter pleno sentido para quem o pratica, deve
estar sempre ao serviço da pessoa. O que é está em jogo não é apenas o respeito das
regras, mas a visão do homem, do homem que pratica desporto e que, ao mesmo tempo,
tem necessidade de educação, de espiritualidade e de valores transcendentes”.
“De
facto – observou ainda o Papa - o desporto é um bem educativo e cultural capaz de
revelar o homem a si mesmo e de o aproximar de uma compreensão do sentido profundo
da sua vida”.
Bento XVI recordou que o Concílio Vaticano II se referiu expressamente
ao desporto (na Constituição “Gaudium et Spes”, no quadro das relações entre a Igreja
e o mundo contemporâneo), colocando-o no setor da cultura, isto é, no âmbito em que
se sublinha a capacidade interpretativa da vida, da pessoa e das suas relações. “O
Concílio faz votos de que o desporto contribua para afinar o espírito do homem, consentindo
às pessoas enriquecerem-se com o conhecimento recíproco, ajudando a manter o equilíbrio
da personalidade e favorecendo relações fraternas entre os homens de todas as condições,
nações e diferentes origens. Numa palavra, uma cultura do desporto assente no
primário da pessoa humana; um desporto ao serviço do homem e não o homem ao serviço
do desporto”.
A Igreja – observou ainda o Papa – interessa-se pelo desporto,
porque se preocupa com o homem, com o homem todo, e porque reconhece que a atividade
desportiva incide na educação, na formação da pessoa, nas relações , na espiritualidade. Aludindo
ao Ano da Fé, Bento XVI considerou que a atividade desportiva pode educar a pessoa
também na “competição” espiritual, levando a viver em cada dia no esforço de fazer
triunfar o bel sobre o mal, a verdade sobre a mentira, o amor sobre o ódio, e tudo
isto antes de mais para si mesmo. Também o mundo do desporto pode ser como que um
moderno “Átrio dos gentios” – uma preciosa oportunidade de encontro aberto a todos,
crentes e não crentes, para experimentar a alegria e também a dificuldade de se confrontar
com pessoas diferentes por cultura, língua e orientação religiosa.