Fátima (RV) – “Neste tempo de Natal, queremos levar a cada um dos nossos concidadãos,
especialmente aos cristãos das nossas dioceses, uma mensagem de solidariedade e de
esperança. Celebramos o nascimento de Cristo, Deus infinito que Se fez um de nós,
assumindo todas as vicissitudes dos seres humanos. Nasceu numa gruta da periferia
de Belém, pois Maria e José não conseguiram encontrar uma casa na cidade para os acolher.
O presente clima social não sugere muito «Boas Festas». Escasseiam empregos e bens
materiais. É urgente estreitar os laços da família e dos vários círculos de relações
e solidariedades; é fundamental comunicarmos com Deus, que em Jesus se torna o mais
próximo dos nossos próximos. Contemplar o mistério da encarnação de Jesus é acolher
o pobre, como nos recorda a Mensagem enviada pelo recente Sínodo dos Bispos: «Nas
nossas comunidades, deve dar-se um lugar privilegiado aos pobres, um lugar que não
exclui ninguém, mas pretende ser um reflexo de como Jesus Se ligou a eles.
A
presença do pobre nas nossas comunidades é misteriosamente poderosa: muda as pessoas,
mais do que um discurso; ensina fidelidade, permite compreender a fragilidade da vida,
pede oração; em suma, leva a Cristo. O gesto da caridade, por sua vez, exige ser acompanhado
pelo empenho em favor da justiça, com um apelo que a todos envolve, pobres e ricos»
(n. 12). Só quem oferece Natal aos outros pode ter Natal para si. Que os gestos de
entreajuda, solidariedade e partilha se multipliquem. A autêntica alegria das Boas
Festas está na dádiva altruísta e generosa.
Haverá Boas Festas se o outro for
o centro das nossas atenções e serviços, vencendo confortos e rotinas egoístas, tal
como Deus que fez de nós o seu centro, oferecendo-se em pessoa em Jesus do Natal em
Belém. Haverá Boas Festas se soubermos presentear tempo, carinho e ofertas a pessoas
que vivem sozinhas, a doentes, crianças ou idosos, e a obras de serviço social. Que
a tradicional troca de prendas seja aproveitada para escolher ofertas que sejam ajuda
para quem precisa.
Haverá Boas Festas se deixarmos que Jesus nasça no melhor
dos presépios, que é o nosso coração, e, neste Ano da Fé, aderirmos mais de alma e
coração à pessoa de Jesus. Ele será a nossa força para «intensificar o testemunho
de caridade» (Bento XVI, Porta Fidei, 14). Como recordou também recentemente o Santo
Padre, falando em nossa língua, «a fé não é um peso, mas uma profunda alegria que
transforma toda a vida» (2012.11.28).
O Natal é também uma especial festa
da família. Tudo o que possamos fazer para reforçar os laços familiares será humanamente
louvável e agradável a Deus, que Se fez da nossa família pelo seu nascimento, nosso
irmão universal. Em tempos de crise, mais essencial se torna a solidariedade familiar,
o acolhimento e ajuda aos membros que passam por maiores dificuldades. Queremos
fazer eco do cântico dos anjos na noite de Natal: «Glória a Deus nas alturas e paz
na terra aos homens que Ele ama», independentemente de culturas, ideologias e credos.
A cada um de vós e às vossas famílias desejamos um santo Natal!.
Fátima, dezembro
de 2012 Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa