O "dever" de educar as novas gerações "na verdade e para a verdade": acolhendo cinco
novos Embaixadores, Papa recorda aos governantes a importância da educação
Ter a coragem de favorecer a educação das novas gerações graças à promoção de uma
sã antropologia – foi a vigorosa exortação lançada por Bento XVI nesta quinta de manhã
ao receber os novos Embaixadores de cinco diferentes países: três da África (Guiné-Conakri,
Níger e Zâmbia), dois da Ásia (Tailândia e Sri Lanka) e um país das Caraíbas, (São
Vicente e Granadinas, arquipélago de pequenas ilhas junto à América Central). Indicando
o plano de relevo que a educação ocupa entre “os numerosos desafios da nossa época”,
o Papa observou que “a família e a escola já não parecem ser o primeiro e natural
terreno fértil para as jovens gerações receberem a seiva fecunda da sua existência”.
Tanto a escola como a universidade – considera Bento XVI - parecem terem-se tornado
“incapazes de projetos criadores”. Os jovens são assim “tentados pelo menor esforço,
pelo mínimo indispensável e pelo sucesso fácil, utilizando por vezes de maneira imprópria
as possibilidades oferecidas pela tecnologia contemporânea”. O Papa Ratzinger
fez suas a convicção do seu predecessor Leão XIII, na Encíclica “Rerum Novarum”, de
que “a verdadeira dignidade do homem e a sua excelência residem no comportamento,
isto é, na virtude; a virtude é o primeiro património comum dos mortais, ao alcance
de todos”. “Convido portanto os vossos governos a contribuirem corajosamente para
o avanço da nossa humanidade, favorecendo a educação das novas gerações graças à promoção
de uma sã antropologia, base indispensável para toda a educação autêntica, e conforme
ao património natural comum”. Uma tarefa que – considerou Bento XVI – poderia
passar antes de mais por uma séria reflexão sobre as diferentes problemáticas existentes
nos respetivos países onde certas opções políticas ou económicas podem provocar insidiosamente
a erosão do património antropológico e espiritual de cada nação. “Convido os vossos
governos a terem a coragem de trabalhar na consolidação da autoridade moral – compreendida
como apelo a uma coerência de vida – necessária para uma verdadeira e sã educação
das jovens gerações”.
É preciso “nunca esquecer o direito a uma educação
nos justos valores”: “O dever de educar nestes valores nunca deve ser truncado ou
enfraquecido por qualquer interesse político nacional ou supernacional. É por isso
que é necessário educar na verdade e para a verdade”. Hoje em dia – deplorou
o Papa – “tornou-se suspeito dizer a verdade, querer viver na verdade parece algo
de ultrapassado, e promovê-la parece um esforço vão”. Ora, “o futuro da humanidade
encontra-se também na relação das crianças e dos jovens com a verdade”: “a verdade
sobre o homem, a verdade sobre a criação, a verdade sobre as instituições, etc”.