Brasília (RV) - A Campanha Nacional da CPT de Combate ao Trabalho Escravo divulgou
os dados parciais de trabalho escravo no país, até 10 de dezembro de 2012, Dia Internacional
dos Direitos Humanos. Segundo os números, foram 168 casos em todo o Brasil, envolvendo
3.110 trabalhadores, tendo sido resgatados 2.187.
Dos 168 casos registrados
pela Campanha, 63 ou 37,5% foram encontrados na pecuária. Esses casos envolveram 663
trabalhadores, mais de 21% do total, tendo sido libertadas 473 pessoas. Mas a atividade
que concentrou o maior número de pessoas libertadas foi a da produção do carvão vegetal,
523 libertados, 23,9% do total. Em 29 casos em que estavam envolvidos 535 trabalhadores.
Triplica
número de trabalhadores escravizados no desmatamento
Na categoria desmatamento
foram registrados 13 casos, dois a mais que no ano anterior, envolvendo 345 trabalhadores,
dos quais 121 foram resgatados. Em 2011, o número de trabalhadores escravizados em
atividade de desmatamento foi de 109, sendo 55 libertados.
No que chamamos
de outras lavouras são as culturas agrícolas que não são cana de açúcar, foram registrados
28 casos. Em 2011 foram 37 os casos. Entretanto, o número de trabalhadores envolvidos
passou de 507, em 2011, para 837, em 2012. Um aumento de cerca de 65%.
Região
Norte concentra quase metade dos casos
A região onde mais se flagrou mão de
obra escrava foi a região Norte do país, com 81 casos, praticamente metade do total.
O estado do Pará lidera o ranking com 46 casos, envolvendo 1.182 trabalhadores. Destes,
somente 473 foram libertados. Nos chama a atenção quando comparamos estes números
com os de 2011.
Apesar de o número de casos em 2011 ter sido maior, 49, o número
de trabalhadores envolvidos foi de 499 e o de libertados 242. O número de trabalhadores
escravizados no estado nesse ano mais que triplicou. Tocantins aparece em segundo
lugar no ranking, com 20 casos, dois a menos que no ano anterior, e 335 trabalhadores
envolvidos, quando em 2011 foram 256 trabalhadores.
Os dados também mostram
crescimento no número de pessoas envolvidas. Em São Paulo, passou de 191, em 2011,
para 246, em 2012; no Amazonas de 98, para 165; no Paraná, onde o número de trabalhadores
envolvidos saltou de 19 para 100; Piauí que apresentou crescimento de 30 para 88;
Bahia, de 162, para 173; Rio Grande do Sul de 32 para 59.
Amazônia Legal tem
os maiores números de trabalho escravo no país
Fazendo o corte por região
geoeconômica, constata-se que em 2012, cerca de 62% dos casos ocorreram nos estados
da Amazônia Legal, envolvendo 1.950 trabalhadores, 62,7% do total, tendo sido resgatados
1.106, 50,6% do total.
De acordo com dados do registro do seguro desemprego
do MTE, processados pela Campanha da CPT, entre os anos de 2003 e outubro de 2012,
mais de 25% dos trabalhadores resgatados da escravidão no Brasil eram oriundos do
estado do Maranhão. Além disso, a média de idade desses trabalhadores gira em torno
de 32 anos. A Campanha destaca, ainda, que do total de trabalhadores resgatados da
escravidão contemporânea, mais de 95% eram do sexo masculino e mais de 35% eram analfabetos.
Esses
dados têm como fonte o trabalho da Campanha da CPT, Grupo Móvel do Ministério do Trabalho
e Emprego (MTE), Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego e Ministério Público
do Trabalho (MPT). Vale ressaltar, ainda, que os números totais aqui analisados incluem
casos em atividades extra agrícolas, como na extração mineral, construção civil, confecção
e outros que não são acompanhados diretamente pela CPT. 23 dos casos apresentados
nesta análise se referem a essas atividades, envolvendo 580 trabalhadores. Dos quais
526 foram resgatados, um quarto do total geral. (CM-cpt)