S.Tomé e Principe - presidente demite governo e convida oposição para formar governo
O Presidente de São Tomé e Príncipe demitiu o Governo do primeiro-ministro, Patrice
Trovoada, líder do principal partido do país, a Acção Democrática Independente (ADI). Trovoada
continuará em funções “até à nomeação e posse” de um novo executivo, diz o decreto
presidencial de Manuel Pinto da Costa. Numa comunicação ao país, o Presidente anunciou
um convite à ADI para formar novo Governo. Pinto da Costa declarou-se convencido da
possibilidade de ultrapassar a crise política “com o mínimo custo para o país”. A
ADI tem reclamado novas eleições, mas – como confirma o novo convite ao principal
partido parlamentar para formar Governo –, o Presidente tentará agora encontrar uma
solução no quadro da Assembleia eleita em 2010. A demissão do executivo de Patrice
Trovoada acontece depois de, na quarta-feira (dia 28) da semana passada, os 29 deputados
dos três partidos da oposição – que somam mais três do que os 26 da ADI – terem aprovado
uma moção censura, sem a presença dos parlamentares do partido do Governo. A moção
foi aprovada pelos 21 deputados do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe
(MLSTP/PSD), pelos sete do Partido da Convergência Democrática (PCD) e pelo único
eleito do Movimento Democrático Força da Mudança (MDFM-PL). O Conselho de Estado e
o próprio Pinto da Costa procuraram, nos últimos dias, que a ADI e a oposição encontrassem
soluções para a crise política. Mas, como reconhece o decreto presidencial, “não foi
possível alcançar o entendimento”. “Se os partidos subscritores da moção de censura
entendem que o povo está descontente e desiludido com o actual Governo, a única forma
de o certificar e clarificar é devolver a palavra ao povo”, reagiu, logo após a aprovação
da moção, num comunicado, o Conselho de Ministros. O executivo acusou a oposição de
ter demonstrado uma “ânsia doentia pelo poder, escondendo mal a sua incapacidade de
viver na condição de oposição”. Os subscritores da moção de censura acusam Patrice
Trovoada de actos de corrupção e consideram que o executivo gere “meramente de improviso,
atendendo às circunstâncias eleitorais”. Criticam também, entre outros aspectos, a
gestão da televisão do país e a falta de pagamento regular das bolsas a estudantes
no estrangeiro. Desde que o multipartidarismo foi introduzido em São Tomé e Príncipe,
em 1991, o arquipélago teve 15 primeiros-ministros. Nenhum Governo cumpriu uma legislatura
completa.