Papa: "Pessoa humana está sempre acima do capital"
Cidade do Vaticano (RV) – Na Sala Clementina, no Vaticano, os 40 participantes
da Plenária do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz foram recebidos pelo Papa Bento
XVI. Os membros e consultores deste dicastério estão analisando, a partir de hoje,
até quinta-feira, 5, as principais problemáticas sociais de seus continentes.
Esta
27ª Assembleia é celebrada no Ano da Fé, logo após o Sínodo sobre a Nova Evangelização,
também no cinquentenário do Concílio Vaticano II e poucos meses antes dos 50 anos
da Encíclica Pacem in terris, do Beato Papa João XXIII.
No fulcro do discurso
do Papa estiveram a dignidade e a integridade do ser humano: “O objetivo do acesso
ao trabalho para todos é sempre prioritário, inclusive nos períodos de recessão econômica”
-disse.
“Embora a defesa dos direitos tenha feito grandes progressos em
nosso tempo – observou Papa Ratzinger – a cultura de hoje tende a desvalorizar a pessoa.
O homem parece cada vez mais estar “isolado”, “separado de Deus”, e é considerado
simplesmente na ótica biológica ou como capital humano, um “recurso”, parte de uma
engrenagem produtiva e financeira que o domina”.
“Enquanto por um lado,
continua-se a proclamar a dignidade da pessoa, por outro, as novas ideologias contribuem
em considerar o trabalhador dependente e seu trabalho como “bens menores” e a ameaçar
os fundamentos naturais da sociedade, especialmente a família” – completou, numa das
passagens mais salientes do discurso.
“Na realidade – concluiu Bento
XVI – o ser humano goza de uma primazia real, que o coloca como responsável de
si mesmo e da criação... o trabalho é um bem fundamental para o homem, em vista de
sua personalização, de sua socialização, da formação de uma família, da contribuição
para o bem comum e a paz. Justamente por isso, a meta do acesso ao trabalho para todos
é prioritária” – frisou.
Em outro trecho, Bento XVI defendeu que a ideia
da autoridade mundial não foi bem entendida:
“A autoridade política mundial
à qual pensava João XXIII e auspiciada por Bento XVI não deve ser um “super-poder
concentrado nas mãos de poucos, dominando todos os povos e explorando os mais pobres”
– afirmou o Pontífice, concluindo que “a autoridade deve ser interpretada, antes
de tudo, como força moral, faculdade de influir segundo razão, ou seja, como autoridade
participada, limitada por competência e pelo direito”. (CM)