A partir do
dia de hoje o Papa Bento XVI estará presente no Twitter, uma das mais utilizadas redes
sociais do mundo. Sobre o significado desta iniciativa a Radio Vaticano através do
nosso colega italiano Fabio Colagrande ouviu o padre António Spadaro, director da
revista dos padres jesuítas Civilização Católica e especialista em novas tecnologias
e comunicação digital:
R.- Eu diria que hoje, segundo a lógica da comunicação,
as mensagens com sentido, e consequentemente as mensagens religiosas, não podem ser
simplesmente transmitidas, mas têm que ser partilhadas. Portanto, as mensagens com
sentido passam também através das redes sociais, como o Facebook, o Twitter e tantos
outros, que se estão a transformar em lugares de reflexão e de partilha de ideias,
de valores e de momentos de vida. Ou seja, nas redes sociais as pessoas partilham
a vida, as respostas e as perguntas. E tantos líderes religiosos já estão no Twitter.
Portanto, eu diria que é normal que o Papa tenha um account que
faça referência a ele. Diria que quase que no fundo, o dia 3 de Dezembro de 2012,
liga-se ao 12 de Fevereiro 1931 quando o Papa Pio IX lançava sua primeira mensagem
via radio, através da Radio Vaticano. Portanto, creio que a presença do Papa no Twitter
seja uma presença normal: ou seja, correta, adequada ao modo em que hoje o homem comunica.
P.-
140 caracteres não são poucos para exprimir uma ideia ou uma relfexão espiritual?
Não há o risco de reduzir a fé a um slogan?
R.- Precisamente na Mensagem
que citei anteriormente, escrita pelo Papa para a Jornada das Comunicações Sociais,
a mais recente, Bento XVI, mesmo não citando o Twitter. escreve que na essência das
mensagens breves, muitas vezes não muito mais longas do que uma passagem bíblica -
e aqui a referência parece-me evidente - podem-se exprimir pensamentos profundos se
cada um de nós não deixar de cultivar a sua interioridade. Esta, portanto, é a chave
de leitura justa e de acertada interpretação: cultivar a própria interioridade. Graças
a isto é possível exprimir mensagens essenciais, ditas com palavras precisas, que
requerem um certo esforço de linguagem, eu diria quase como que um esforço poético,
para conjugar sabedoria e clareza. Esta é a linha mestra pela qual a expressão sintética
não vem em detrimento da profundidade ou da lentidão de assimilação. Mas, eu diria,
que quase ao contrário, favorece a ligação a uma meditação mais densa. É o que demonstra
o grande sucesso dos versos e da poesia no Twitter. Na nossa vida frenética compreende-se
a necessidade de ter alguma coisa de sapiente que possa quebrar a rotina do quotidiano
colocando uma pequena semente de reflexão e meditação.