Envolver comunidades, paróquias e leigos na Nova Evangelização: Papa a bispos franceses
O Papa recebeu esta manhã em audiência um terceiro e último grupo de bispos da Conferência
Episcopal francesa em visita quinquenal à Sé de Pedro.
No amplo discurso que
dirigiu a esses 37 prelados, Bento XVI começou por recordar a sua visita apostólica
à França, em 2008, por ocasião dos 150 anos das aparições de Lourdes. Disse depois
que no discurso dirigido aos dois grupos precedentes abriu como que um tríptico cuja
indispensável referência pode ser as palavras que lhes dirigira já em Lourdes.
Esse
tríptico tem que ver com o passado cristão da França marcado por santos, doutores,
mártires e confessores que souberam enraizar a mensagem evangélica na sociedade francesa
e que constituem hoje uma fonte de inspiração para “a vossa missão de pastores” –
disse-lhes o Papa.
Esse passado glorioso alimenta a esperança de se poder
enfrentar os desafios do terceiro milénio e de ouvir as expectativas dos homens de
hoje, pois só Deus pode dar uma resposta satisfatória aos anseios e aspirações humanos.
Daí que um dos problemas mais graves do nosso tempo seja a ignorância da prática religiosa
em que vivem muitos homens e mulheres, inclusive fieis católicos. Na realidade –
prosseguiu o Papa – trata-se duma dupla ignorância: desconhecimento da pessoa de Jesus
Cristo e ignorância de quão sublime são os seus ensinamentos. Esta ignorância provoca
nas novas gerações a incapacidade de compreender a história e de se sentir herdeiros
dessa tradição que deu forma à vida, à sociedade, à arte e à cultura europeias. A
Nova Evangelização é, por conseguinte, uma urgência, e qualquer iniciativa deste Ano
da Fé tomada na esteira das indicações dadas pela Congregação da Doutrina da Fé, pretende
favorecer a redescoberta alegre e a renovação do testemunho da fé, para que os cristãos
possam partilhar com a humanidade aquilo que têm de mais precioso: Cristo.
Mas
para que a Nova Evangelização seja eficaz – recorda o Papa aos prelados franceses
– deve envolver profundamente as comunidades e as paróquias, os leigos, por cuja acção
de apostolado Bento XVI diz conhecer o valor e a qualidade. Exprime, por isso, o seu
apreço em relação a eles.
A diminuição das vocações foi também abordada pelo
Papa, segundo o qual é urgente mobilizar todas as energias disponíveis a fim de que
os jovens possam ouvir a voz do Senhor. Um contexto familiar favorável é indispensável
para isso. Daí a importância de ter as famílias, as comunidades e os jovens no centro
de todas as iniciativas de evangelização, não obstante o contexto cultural e social
marcado pelo relativismo e o hedonismo em que se vive hoje em dia.
A educação
católica é também de grande importância. Tanto em relação às escolas como às universidades
católicas, o Papa encorajou os bispos franceses a lhes darem muita atenção e a lhes
abrirem perspectivas novas para que beneficiem também da evangelização e sejam lugares
por excelência de dialogo entre fé e cultura. Bento XVI recomendou ainda que jovens
estudantes em disciplinas profanas sejam também iniciados à teologia, uma fonte de
sabedoria, de alegria, de maravilhamento que não pode ser reservada unicamente aos
seminaristas.