2012-11-29 11:50:09

Paquistão: 222 muçulmanos denunciados por blasfêmia


Multan (RV) - Uma denúncia oficial com a acusação de blasfêmia foi apresentada à polícia de Multan, no Punjab, contra 222 fiéis muçulmanos xiitas, dos quais 72 identificados e 150 não identificados. A denúncia apresentada por grupos sunitas após um conflito ocorrido na última terça-feira em Multan, após a procissão religiosa dos xiitas, que celebravam a “Ashua”, festividade que comemora o martírio do Imã Hussein, parente do profeta Maomé.

Conforme referido pela agência Fides, os confrontos tiveram início quando alguns militantes sunitas, da organização extremista “Sipah-i-Sahaba”, tentaram bloquear ou desviar a procissão dos fiéis xiitas, dizendo que uma parte do percurso não tinha sido autorizado. Resultado do conflito entre xiitas e sunitas: 10 feridos e as 222 denúncias.

Segundo a acusação, os xiitas lançaram pedras contra as bandeiras e faixas onde estava escrito o nome do Profeta Maomé e, portanto, são culpados de blasfêmia. Líderes xiitas como Fazal Shah e Ali Hussain Shah negaram qualquer acusação, afirmando que ninguém jogou pedras contra as bandeiras, nem insultaram o Profeta.

Fontes locais da agência Fides notam que, como em muitos outros casos, as acusações de blasfêmia são instrumentais e afetam não só as minorias, mas também os cidadãos muçulmanos, contribuindo a minar a harmonia social e religiosa. “O abuso da lei continua a causar discórdia e a alimentar o sectarismo na sociedade paquistanesa”, comentou o Prof. Mobeen Shahid, paquistanês, um especialista em questões relativas à blasfêmia.

Prof. Mobeen Shahid, docente de “Pensamento e religião islâmica”, na Pontifícia Universidade Lateranense, de Roma, é o autor de um estudo, a ser publicado, intitulado “A Lei de blasfêmia e o caso da República Islâmica do Paquistão”, realizado em conjunto com N. Daniel, para o Instituto de Estudos Políticos de S. Pio V, que será apresentado ao Parlamento Europeu e ao escritório das Nações Unidas em Genebra.

De acordo com o Prof. Mobeen, “o cancelamento das leis da blasfêmias no Paquistão é possível se se respeitam a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Declaração do Cairo de Direitos Humanos do Islã”. Por isso, “serve o consenso popular e uma discussão no Parlamento Nacional”. O consenso popular só é possível se se dá vida a um sistema de educação, desde os primeiros anos até a universidade”, que reflita e incorpore ambas as Declarações dos Direitos Humanos”: esta abordagem permitiria uma mudança radical da sociedade que, com o tempo, poderia ter como efeito da abolição das leis sobre a blasfêmia”. (SP)








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