Brasília (RV) - A celebração dos 60 anos da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil-CNBB é uma oportuna ocasião para a Igreja na Amazônia renovar seu agradecimento
e reconhecimento a esta benemérita instituição que congrega o episcopado brasileiro.
Graças
ao seu incondicional apoio, desde que foi criada em 14 de outubro de 1952, o grito
dos bispos da Amazônia, emitido especialmente a partir de seus encontros iniciados
meses antes da fundação da Conferência (junho de 1952), ecoou em todas as dioceses
do país e, desde então, cresce a consciência de que a evangelização nesta vasta região
brasileira é de responsabilidade de toda a Igreja no Brasil.
Marca forte da
unidade e da comunhão da Igreja na Amazônia, os encontros de seus bispos se constituíram
num verdadeiro Cenáculo de onde o Espírito Santo tem inspirado e animado os pastores
e todos os que com eles cumprem o mandato de Jesus: “Ide fazer discípulos entre todas
as nações” (Mt 28,19). A CNBB, presente já no segundo encontro realizado em janeiro
de 1954, através de seu primeiro secretário, Dom Helder Câmara, dava uma inequívoca
demonstração de sua corresponsabilidade no enfrentamento da sacrificada realidade
amazônica que, àquela época como hoje, desafia a Igreja.
No encontro de 1967,
os bispos da Amazônia, estrangeiros em sua maioria, ao discutirem o papel da Igreja
na SUDAM provocaram a ira de “nacionalistas extremados” que os classificaram de “brasileiros
apenas de coração”. A CNBB, por meio de sua Comissão Central, imediatamente, sai em
defesa dos bispos: “Bastaria uma simples visita às missões, para reconhecer naqueles
mensageiros de Deus, os mais ativos operadores da integração da Amazônia” .
A
presença da CNBB na Amazônia, nestes 60 anos, se fez sentir também em inúmeras outras
iniciativas que confirmam seu compromisso com o povo amazônida, com sua fé, sua cultura,
suas tradições, seus direitos, sua vida. Destaque-se, por exemplo, o primeiro Seminário
sobre a Pastoral da Amazônia, realizado em 1971, no Rio de Janeiro. É neste contexto
também de preocupação com a Amazônia que Manaus é escolhida, certamente com total
apoio da CNBB, para sediar o Congresso Eucarístico Nacional, em 1975. Merece destaque
ainda a 37ª Assembleia Geral da CNBB, em 1999, quando os bispos da Amazônia se fizeram
ouvir por todos os bispos do Brasil através de sua mensagem ao Povo de Deus e ao Brasil
intitulada “A Igreja e a Questão da Amazônia”.
Decisão da CNBB, no entanto,
que impulsionou ainda mais o olhar da Igreja no Brasil para a Amazônia foi a criação,
em 2003, da Comissão Episcopal para a Amazônia. Com o objetivo de animar o espírito
missionário da Igreja e sensibilizar a sociedade brasileira em relação à Amazônia,
esta Comissão tem sido responsável por inúmeras iniciativas voltadas para a evangelização
da Amazônia. Da mesma forma, a realização da Campanha da Fraternidade, em 2007, com
o tema sobre a Amazônia, não só aumentou a visibilidade desta região como também despertou
o interesse de muitos em colaborar com a missão que aí se realiza.
Há ainda
duas outras iniciativas que emergem como fruto do comprometimento da CNBB com a Amazônia
ao longo destes 60 anos de sua existência. O primeiro é a Semana Missionária da Amazônia,
criada por iniciativa da Comissão Episcopal para a Amazônia, atualmente presidida
pelo Cardeal Cláudio Hummes. A segunda é a construção do projeto “Missionários para
a Amazônia”. Aprovadas pela Assembleia Geral da CNBB de 2009, estas iniciativas buscam
responder dois grandes desafios da Igreja na Amazônia: a falta de recursos financeiros
e a falta de missionários. O apoio da CNBB é decisivo para vencer estes desafios.
Em
julho de 2012, Santarém (PA) sediou, mais uma vez, o encontro dos bispos da Amazônia,
que celebrou os 40 anos do Documento de Santarém, resultado do mesmo encontro em 1972,
cuja contribuição foi decisiva para pôr em prática o Concílio Vaticano II e o Documento
de Medellín. A CNBB, reconhecendo a importância desse momento histórico para a Igreja
na Amazônia, fez-se presente através de seu secretário geral, Dom Leonardo Ulrich
Steiner, expressando, assim, a comunhão e a unidade do episcopado brasileiro que,
ao longo dos 60 anos da CNBB, tem dado o tom de sua relação com a Igreja na Amazônia.
Estas
são apenas algumas das muitas formas como a CNBB se fez e se faz presente na Amazônia.
Recordá-las aqui, no contexto dos 60 anos da CNBB, é reviver a história desta Conferência
que conquistou a credibilidade e o respeito da sociedade brasileira pelo seu compromisso
com a vida de seu povo e a defesa dos direitos humanos, especialmente, dos pobres
e excluídos. A Comissão Episcopal para a Amazônia se orgulha por fazer parte desta
história. Parabéns, CNBB!
Irmã Maria Irene Lopes dos Santos Assessora da
Comissão Episcopal para a Amazônia