Kinshasa (RV) - Os bispos provenientes de 40 países africanos denunciam a violência
na República Democrática do Congo (RDC).
"Estamos indignados e consternados
ao ver como a guerra desencadeada há alguns meses no leste da República Democrática
do Congo está se expandindo, causando um novo drama humano" – afirmam os bispos presidentes
das Caritas africanas num comunicado enviado à Agência Fides. Os prelados se reuniram
em Kinshasa, de 20 a 22 deste mês, para debater sobre a missão e a identidade da Caritas
à luz da encíclica de Bento XVI Deus caritas est.
A ofensiva no Norte Kivu
feita pelo grupo guerrilheiro M23, que terminou com a conquista da capital Goma, é
explicada dessa forma pelos bispos africanos: "Milhares de homens, mulheres e crianças,
vítimas da violência, de uma guerra que lhes foi imposta, estão perplexos e vivem
mais uma vez na profunda miséria em Goma e seus arredores. Eles estão sem moradia,
passam fome, sofrem estupros e todos os tipos de violência, incluindo o recrutamento
de crianças. Trata-se de uma ofensa contra a dignidade dessas pessoas como seres humanos
e filhos de Deus."
Os bispos reafirmam sua convicção "de que a nossa não é
mais a época de guerras nem conquistas do território, mas de colaboração", e denunciam
"a exploração ilegal de recursos naturais, principal causa dessa guerra".
Por
essa razão, os signatários do documento pedem à ONU, União Africana, União Europeia,
ao Governo da RDC e países envolvidos de alguma forma na guerra, além das multinacionais
do setor de mineração para encontrarem uma solução justa que coloque um fim definitivo
ao sofrimento da população civil no leste da RDC, evitando jogá-los no desespero e
violência.
Os bispos, enfim, lançam um apelo em prol da solidariedade cristã,
especialmente através das Caritas espalhadas pelo mundo. (MJ)