O "cuidado maternal" da Igreja em relação aos marítimos, pescadores e famílias: Bento
XVI ao Congresso do Apostolado do Mar
A precariedade de vida dos marítimos e pescadores e a missão a desenvolver pela Igreja
nestes ambientes, foram evocadas por Bento XVI ao receber nesta sexta de manhã, os
quatrocentos participantes no Congresso Mundial do Apostolado do Mar, que decorreu
nos últimos dias no Vaticano. Foram – como observou o Papa - “jornadas intensas de
aprofundamento sobre temas importantes, como o anúncio do Evangelho a um número crescente
de marítimos pertencentes às Igrejas Orientais, a assistência aos não cristãos ou
não crentes, e a procura de uma colaboração ecuménica e inter-religiosa cada vez mais
sólida”. Perante “os constrangimentos vividos pelos trabalhadores da indústria
marítima, assim como pelos pescadores e suas famílias”, há que enfrentar os problemas
com “uma visão integral do homem, que respeite os vários aspetos da pessoa humana,
contemplada com o olhar purificado pela caridade”. O Papa recordou que o “Apostolado
do Mar” foi instituído em 1922 pelo Papa Pio XI, que encorajou os primeiros capelães
e voluntários neste campo, missão confirmada por João Paulo II 75 anos depois.
Desde
os alvores do Cristianismo que o mundo marítimo foi um veículo eficaz da evangelização,
a começar pelos Apóstolos, até aos dias de hoje – fez notar Bento XVI. “Também
hoje a Igreja sulca os mares para levar o Evangelho a todas as nações e a vossa presença
capilar nos portos, as visitas que fazeis quotidianamente aos navios aí atracados
e o acolhimento fraterno nas horas de pausa das tripulações, são o sinal visível da
solicitude para com quem não pode dispor de um acompanhamento pastoral ordinário”.
Bento XVI não deixou de referir as situações de injustiça vividas pelos marítimos,
agravadas pelo processo de globalização: especialmente quando as tripulações são sujeitos
a restrições para descer a terra, nos portos, ou quando são abandonadas, juntamente
com as embarcações onde trabalham, ou quando são vítimas da pirataria marítima ou
dos prejuízos provocados pela pesca ilegal. “A vulnerabilidade dos marítimos,
pescadores e navegantes, deve tornar a Igreja ainda mais atenta e solícita, estimulando
o cuidado materno que, através de vós, se manifesta a todos os que encontrais nos
portos ou nos navios, ou que assistis a bordo, nos longos meses de embarque”.
Relativamente ao “vasto setor das pescas”, e suas famílias, o Papa referiu as
atuais dificuldades, ligadas à incerteza do futuro, até pelos efeitos negativos das
transformações climáticas e pela excessiva exploração dos recursos. Daqui uma saudação
pessoal aos pescadores: “A vós, pescadores, que procurais condições de trabalho
dignas e seguras, salvaguardando o valor da família, a tutela do ambiente e a defesa
da dignidade de cada pessoa, quereria assegurar a proximidade da Igreja”.
E
Bento XVI concluiu renovando aos agentes da pastoral do mar o “mandato eclesial” que,
em comunhão com as Igrejas locais de pertença” (disse), os coloca na primeira linha
da evangelização de tantos homens e mulheres de variadas nacionalidades que transitam
pelos portos.