Bispos da África indignados e chocados com o conflito no Leste da RDC
Reunidos em Kinshasa desde o passado dia 20, os Presidentes das Conferências Episcopais
da África e os Bispos presidentes das Caritas nacionais africanas, declaram que a
escalada de violência no leste da RDC está já a causar uma grande tragédia humanitária.
Num comunicado assinado por todos, esses bispos de 34 países da África, condenam o
conflito, que viu a cidade de Goma cair nas mãos dos rebeldes do M23 no passado dia
20 deste mês.
Os bispos africanos dizem-se "indignados e chocados com a escalada
da violência armada, na qual milhares de homens, mulheres e crianças, vítimas desta
guerra que lhes é imposta, são deslocados e abandonados na miséria em Goma e arredores;
eles estão expostos ao mau tempo, à fome, estupros e todo tipo de abusos, incluindo
o recrutamento de crianças para o exército. Isto constitui uma ofensa à sua dignidade
como seres humanos e filhos de Deus" – afirmam os bispos no comunicado.
Os
representantes da Caritas em Goma estimam que os últimos combates forçaram 100 mil
pessoas a fugir, muitas das quais a partir de acampamentos e comunidades de acolhimento
onde tinham procurado refugio.
Os bispos africanos afirmam ainda que já não
é tempo para guerras ou conquistas, mas sim para promover a cooperação entre os povos.
Afirmam também que a integridade territorial da RDC deve ser protegida e respeitada
por todos.
"Estamos cientes quanto a exploração dos recursos naturais influi
nesta situação e, portanto, apelamos para uma exploração justa e transparente dos
recursos naturais e uma distribuição equitativa do produto de tal atividade para beneficiar
a todos", afirmam os Bispos.
Os bispos lançam, finalmente, um apelo à comunidade
internacional para acabar com o sofrimento e o desespero da população civil no leste
do Congo. Convidam também o governo do Congo, os governos regionais envolvidos e as
empresas multinacionais extractivas para abordarem com seriedade as causas do conflito
através do diálogo por forma a pôr termo ao ciclo de violência. "E os perpetradores
de tal violência e destruição devem ser levados à justiça", conclui o comunicado dos
Bispos.