A visita do papa
na segunda-feira passada (dia 12) a uma casa para idosos é certamente um daqueles
momentos felizes em que um grande número de pessoas percebe facilmente que os gestos
e as palavras do Santo Padre são uma preciosa mensagem para eles e não só para o pequeno
grupo de privilegiados que o puderam encontrar pessoalmente. Idoso entre os idosos,
Bento XVI dirigiu-se com espontaneidade aos presentes dizendo que "conhece bem as
dificuldades, os problemas e os limites desta idade."
Ao contrário do seu antecessor,
ele não partilha a situação do idoso doente, mas a situação do idoso tão somente,
e explica o valor específico desta idade da vida como sendo a serena e paciente aceitação
dos limites da velhice continuando a saber serem amados por Deus, partilhando com
os outros a sabedoria da vida: "ser um livro aberto em que as jovens gerações possam
encontrar preciosas indicações para o caminho da vida".
Não se trata, assim,
de procurar artificialmente encher o tempo da velhice de coisas a fazer, mas de comunicar
uma sabedoria do coração que sabe distinguir o essencial do secundário, aquilo que
dura e aquilo que passa. Naturalmente, isto não se improvisa, porque em certo sentido
- sobretudo quando de facto se sofre - a velhice é o momento da verdade, aquele em
que - como escrevia Romano Guardini - o contingente deixa tranparecer o absoluto.
A espera pode ser preenchida por uma oração de horizontes largos: O Papa pede aos
idosos que rezem pelos pobres, pela paz, para que acabe a violência, pela Igreja,
por ele...
E é uma oração potente, porque o idoso que acredita e espera sabe
que está mais perto do Senhor e dos Santos, mais familiar com eles; a linha de passagem
faz-se sempre mais transparente. Temos muita necessidade destes idosos e sabemos que
são uma enorme riqueza. Por isso, devemos tê-los com amor no meio de nós, por forma
a que todos possamos dizer com verdade juntamente com o Papa: "É belo ser idoso."