2012-11-19 17:06:32

Nós é que estamos presos


Maringá (RV) - Nesta vida, aparentemente com tanta segurança propagandística, não nos faltam surpresas. Estamos vivendo um ataque dos inimigos da paz, homens que não se importam com o dom da vida dos outros.

Os frutos da insegurança são a instalação do medo, a falta de confiança no outro, a intranquilidade dentro da própria casa, a fragilidade humana, e consequentemente a busca cada vez maior de equipamentos de segurança. Infelizmente vivemos assustados por qualquer coisa. Parece que o império do medo chegou para ficar.

Estamos trancados em grades, cercas elétricas, muros altos, isolados, medrosos, tolhidos na liberdade. Liberdade esta que tanto lutamos para conquistar nesse país. Liberdade que nos caracteriza como seres humanos.

E mesmo com esse clima de insegurança, creio que devemos ir contra a maré, superar, acreditar, confiar, orar e ocupar os espaços públicos para que não vivamos presos em nossas próprias casas.

Acredito que a razão base de toda a violência é a falta de Deus. Desde a concepção o homem e a mulher são influenciados e influenciam tanto para o bem como para o mal.

O distanciamento de uma experiência do Deus Amor, de um Deus presente, que ama a todos, que não condena o pecador e sim o pecado, leva qualquer pessoa ao temor de Deus. Todo aquele que teme a Deus, ou seja, que coloca Deus em primeiro lugar, jamais vai roubar, assaltar, matar, usar qualquer tipo de violência.

Sem ter a pretensão de apontar caminhos novos, estou convencido que a solução está dentro da própria pessoa humana. "Ganharás o pão com o suor do próprio rosto", diz a Sagrada Escritura.

O pão deve ser fruto do trabalho justo e do justo salário. O mundo da iniquidade se instalou no ser humano pela preguiça, pela facilidade em viver do dinheiro injusto, pelas artimanhas em tirar vantagem em tudo.

Penso que uma das razões do distanciamento de Deus tem sido a ausência de uma boa catequese, que começa dentro de casa. Religião é proporcionar às crianças, adolescentes e jovens uma experiência pessoal com o sobrenatural.

A intromissão exagerada dos meios modernos de comunicação social, a onda do ateísmo prático e o indiferentismo religioso, leva o ser humano ser dono da verdade e definidor do seu destino. Sem uma boa catequese, crianças, adolescentes, jovens e adultos ficam desorientados.



Ao lado desta experiência pessoal, profunda e concreta, a falta de bons espaços de educação, de uma educação integral de qualidade, de um ensino técnico que ocupe e eduque o adolescente, tem facilitado o caminho para que muitos entrem no mundo perigoso do crime.

Neste conjunto de coisas o papel da família é fundamental no processo de formação. Uma sociedade que se diz laica, banindo Deus de todos e de todos os lugares, pode ter esperança em um mundo melhor?

Aqui, abro um parêntese para comentar a mais recente polêmica envolvendo um procurador que está incomodado com a expressão "Deus seja louvado" estampada nas cédulas de real. Não haveria coisa mais importante para esta procuradoria atuar? E trata-se da procuradoria dos Direitos do Cidadão.

Vejam só. Enquanto isso, nós brasileiros vivemos presos em nossas próprias casas pela falta de segurança. Os bandidos soltos e nós presos. Vejam o que está acontecendo com a segurança pública em São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e em todos os outros estados. A procuradoria deveria intervir aí, lutando pela segurança, que é direito fundamental de nós cidadãos.

Rezemos pelas autoridades para que elas tenham sabedoria no enfrentamento do crime. E por fim, que "Deus seja louvado" nesta terra de Santa Cruz!

Dom Anuar Battisti
Arcebispo de Maringá (PR)








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