Cidade do Vaticano (RV) - "As vítimas civis dos conflitos armados são a prova
do fracasso dos esforços da comunidade internacional na construção de civilizações
pacíficas" – frisou o Observador Permanente da Santa Sé no escritório da ONU em Genebra,
na Suíça, Dom Silvano Maria Tomasi, em seu discurso numa reunião organizada pelas
Nações Unidas sobre o uso de armas convencionais.
O prelado denunciou os enormes
custos humanos do uso de armas, em particular nas áreas urbanas. "Durante os ataques
é dada prioridade aos interesses étnicos, civis, religiosos ou nacionais, enquanto
os civis são esquecidos. Não obstante as convenções internacionais que procuram limitar
o direito dos beligerantes de usarem meios de guerra particularmente letais, os civis
inocentes nas áreas urbanas continuam sendo as primeiras vítimas dos conflitos armados,
vítimas que os beligerantes definem como danos colaterais. Assim, a grande maioria
dos mortos e feridos é civil e os danos são causados, sobretudo nas infra-estruturas
civis e recursos de base de subsistência de populações inteiras" – sublinhou Dom Tomasi.
O arcebispo disse ainda que "tudo isso mostra que os princípios fundamentais
do direito internacional humanitário muitas vezes não são respeitados. Além disso,
esses ataques também causam traumas psicológicos e param o desenvolvimento por muitos
anos. Crianças e mulheres são as mais afetadas".
Além disso, "os conflitos
causam ódio e feridas difíceis de curar. Tornam a reconciliação mais difícil, se não
impossível. Os beligerantes devem reconhecer sua responsabilidade para com as vítimas,
de uma forma ou de outra. A assistência às vítimas é um direito humano, um compromisso
humanitário e político, e nasce da centralidade da pessoa humana e sua dignidade inalienável,
base ética do direito internacional humanitário".
Dom Tomasi sublinhou o fato
de que "os Governos, cujas forças armadas estão envolvidas em conflitos armados, levam
muito à sério a opinião pública quando existem vítimas entre suas tropas, mas infelizmente,
não acontece o mesmo quando se trata de civis não pertencentes à sua comunidade nacional".
"Hoje, muitas vozes se levantam para questionar o uso dessas armas letais em áreas
povoadas, mas o caminho a percorrer para alcançar o objetivo de proteger os civis
ainda é longo" – destacou o arcebispo.
O representante vaticano concluiu dizendo
que "pode-se dizer com certeza que é impossível usar armas explosivas em áreas povoadas
e manter o respeito pelos princípios do direito internacional humanitário, ou seja,
a proteção de civis". (MJ)