Mensagem do Conselho Pontifício para o diálogo inter-religioso para a Festa de Deepavali
2012
Cristãos e Hindus: formar as novas gerações para serem artífices da paz
Caros
amigos Hindus, O Pontifício Conselho para o diálogo inter-religioso envia as maiores
saudações por ocasião das celebrações anuais da festa hindu: “deepavali”. Que a amizade
e a fraternidade estejam cada vez mais presentes nas vossas famílias e nas vossas
comunidades.
Neste momento da história da Humanidade, quando tantas forças
negativas tentam destruir as legitimas aspirações, em várias regiões do mundo, para
a co-existência da paz, gostaríamos de usar esta querida tradição para partilhar convosco
uma reflexão sobre a responsabilidade que os Hindus, Cristãos e outros têm em fazer
todo o possível para formar todas as pessoas, especialmente as jovens gerações, como
artífices da paz.
A paz é mais do que a ausência da guerra, mais ainda do que
um tratado que assegure uma vida tranquila; mas sim, será completa e intacta, quando
for a implantação da harmonia (cf. BENTO XVI, Ecclesia in Medio Oriente, 9) e fruto
da caridade. Pais, professores, anciãos, religiosos e líderes políticos, artífices
da paz, aqueles que trabalham no mundo das comunicações e todos os que se empenham
de coração sincero na defesa da paz são chamados a educar as novas gerações, como
são também chamados a fazer crescer, do mesmo modo, a integridade.
Formar
e educar os homens e as mulheres mais jovens em pessoas de paz e construtores da paz
é uma prioridade colectiva e um compromisso de toda a acção comum. Para que a paz
seja autêntica e durável, deverá ser alicerçada nos pilares da verdade, da justiça
, do amor e da liberdade. (cf. João XXIII, Pacem in terris, 35), e todos os homens
e mulheres jovens precisam de aprender, acima de tudo, a agir honestamente e justamente
no amor e na liberdade. Para além disso, em toda a educação para a paz, as diferenças
culturais devem ser tratadas como uma riqueza mais do que uma ameaça ou perigo.
A
família é a primeira escola de paz e os pais são os primeiros educadores para a paz.
Pelo seu exemplo e ensinamento, eles têm o privilégio único de educar os filhos aos
valores que são essenciais para uma vivência de paz: a verdade mútua, o respeito,
a compreensão, o ouvir, o partilhar, o cuidar e o perdoar. Nas escolas, colégios e
universidades, onde os jovens vão crescendo, na relatividade, estudando e trabalhando
com outras formas diferentes de religião e de cultura, na sua formação, os seus professores
e seus colaboradores têm a nobre tarefa de assegurar uma educação que respeite e celebre
a dignidade inata de todos os seres humanos e promover a amizade, a justiça, a paz
e a cooperação para o desenvolvimento integral da pessoa. Tendo como alicerces da
educação, os valores espirituais e morais, tornar-se-ão para eles um imperativo ético
como também uma precaução para os estudantes contra ideologias que originam a discórdia
e a divisão.
Enquanto os estados e os líderes individuais nos campos sociais,
políticos e culturais, em geral, têm funções e responsabilidades importantes a desempenhar
no reforço da educação dos jovens, os líderes religiosos em particular, em razão da
sua vocação para serem líderes espirituais e morais, devem continuar a inspirar as
gerações mais jovens a trilhar o caminho da paz e a tornarem-se mensageiros da paz.
Como todos os meios de comunicação determinam em muito a forma como as pessoas pensam,
sentem e agem, as pessoas envolvidas nesta área devem, na medida do possível, contribuir
para a promoção de pensamentos e palavras de paz. Na verdade, os próprios jovens devem
viver à altura dos ideais que estabeleceram para outros, usando a sua liberdade com
responsabilidade e na promoção de relações cordiais para uma cultura de paz.
Evidentemente,
a totalidade que transmite paz irá moldar um mundo mais fraterno e um “novo tipo de
fraternidade” entre as pessoas, no qual “um sentido partilhado da grandeza de cada
pessoa” irá prevalecer (cf. Bento XVI, Jornada Apostólica no Líbano, Encontro com
o Governo, Instituições da República, Corpo Diplomático, Líderes Religiosos e Representantes
do Mundo da Cultura, 15 de Setembro de 2012).
Que todos nós procuremos, sempre
e em todo o lugar, aderir aos imperativos morais e religiosos que inspiram os jovens
que se esforçam por se tornarem artífices da paz.