Cardeal Vegliò fala sobre os direitos violados de marítimos e pescadores
Cidade do Vaticano (RV) - "Nova Evangelização no mundo marítimo" é o tema do
23° Congresso Mundial do Apostolado do Mar que se realizará na Sala do Sínodo, no
vaticano, de 19 a 23 deste mês.
O evento foi apresentado, nesta quinta-feira,
na Sala de Imprensa da Santa Sé pelo Presidente do Pontifício Conselho da Pastoral
para os Migrantes e os Itinerantes, Cardeal Antonio Maria Vegliò, e pelo Subsecretário
desse dicastério vaticano, Pe. Gabriele Ferdinando Bentoglio.
"Existem 110
centros Stella Maris em que sacerdotes, religiosos, diáconos e leigos dão assistência
material e espiritual aos marítimos e pescadores de todas as nacionalidades e religiões"
– explicou o purpurado.
"Levamos em conta que hoje existem cerca de 1 milhão
e 200 mil marítimos que transportam pelo mar 90% de mercadorias que circulam pelo
Planeta. Estima-se que no âmbito da pesca, no campo industrial e artesanal, trabalham
cerca de 36 milhões de pessoas, sem mencionar as famílias desses trabalhadores que
experimentam desconforto e vulnerabilidade ligados aos riscos da profissão e a distância
até mesmo por vários meses. Daí a importância desse Congresso Mundial para abordar
os aspectos mais críticos que hoje ameaçam a vida dos marítimos" – frisou o Cardeal
Veglió.
Segundo o presidente do dicastério vaticano, as "inovações tecnológicas
nos navios nem sempre significam uma melhoria das condições de vida e trabalho dos
marítimos. A isso se acrescentam, nos últimos anos, o abandono de navios, com suas
tripulações em portos estrangeiros sem comida e recursos, além de abusos e explorações".
O cardeal ressaltou que "muitas expectativas estão sendo colocadas na nova
Convenção da ONU sobre o trabalho marítimo, em vigor a partir de agosto do próximo
ano. Trata-se um instrumento jurídico importante para a proteção das normas trabalhistas
dos marítimos e a tutela dos armadores honestos. Espero que em breve seja ativada
a Convenção sobre o trabalho dos pescadores assinada em 2007, mas à espera de ser
ratificada por pelo menos 10 países, incluindo 8 costeiros".
"Trata-se de uma
norma que visa eliminar da indústria de pesca os navios que obrigam os marítimos a
condições de trabalho inaceitáveis e lesivas para a dignidade da pessoa humana" –
disse ainda o purpurado.
Outro tema tratado no congresso será a pirataria marítima
que acarreta um prejuízo anual de 10 a 15 bilhões de dólares. Além disso, aumentam
a violência contra os reféns e o prolongamento da detenção, em média de 180 dias.
O
congresso que se realiza logo após o Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização
e a abertura do Ano da Fé "é um desafio para os capelães e voluntários do Apostolado
do Mar que buscam responder aos problemas dos marítimos" - concluiu Dom Vegliò. (MJ)