Cidade do Vaticano
(RV) – Quarta-feira é dia de Audiência Geral. Milhares de fiéis e peregrinos se
reuniram na Praça S. Pedro para ouvir a catequese de Bento XVI.
O tema proposto
pelo Papa, prosseguindo o caminho de reflexão neste Ano da Fé, é sobre o homem que
carrega em si um misterioso desejo de Deus. Desejo que, como diz o Catecismo da Igreja
Católica, “está inscrito no coração do homem, porque o homem foi criado por Deus e
para Deus”.
Muitos de nossos contemporâneos, disse Bento XVI, poderiam objetar
dizendo que não sentem este desejo, que ele se tornou indiferente. Não é bem assim.
Na verdade, este desejo nunca desapareceu e se manifesta de diferentes formas no coração
do homem.
Mas o que pode realmente saciar o desejo humano? As experiências
fundamentais, como o amor e a amizade, mostram que em todo desejo humano está o eco
de um desejo maior, que nunca se satisfaz plenamente. E esta dinâmica do desejo testemunha
que o homem é um ser religioso.
Também em nossa época, aparentemente fechada
ao transcendente, se pode abrir um caminho ao autêntico sentido religioso da vida,
que mostre como a fé não é absurda ou irracional. É necessário promover uma espécie
de “pedagogia do desejo” que, ensinando o sabor das satisfações mais autênticas da
vida, e a busca continua dos bens mais altos, seja dirigida, não a sufocar o desejo,
mas a purificá-lo e libertá-lo, para que possa alcançar sua verdadeira profundidade.
Quando no desejo se abre uma fenda a Deus, este já é um sinal da presença da fé na
alma, que é um dom de Deus.
Em português, o Papa fez um resumo de sua catequese
e saudou, em especial, os participantes de um Simpósio, no Rio de Janeiro, promovido
pela Fundação Joseph Ratzinger:
“Queridos irmãos e irmãs, o homem traz dentro
de si um misterioso desejo de Deus. E embora muitos dos nossos contemporâneos possam
objetar que não sentem tal desejo, este não desapareceu completamente do seu coração.
Na verdade, por detrás dos mais diversos desejos que o movem, esconde-se um desejo
fundamental que nunca está plenamente saciado. O homem conhece bem aquilo que não
o sacia, mas não pode imaginar nem definir o que lhe faria experimentar aquela felicidade
de que sente nostalgia no coração. O homem é um «mendigo de Deus» e, só em Deus, encontra
a verdade e a felicidade que procura sem descanso. Por isso, não se trata de sufocar
o desejo que está no coração do homem mas de o libertar, a fim de que possa alcançar
a sua verdadeira altura.
Saúdo cordialmente todos os peregrinos de
língua portuguesa, em particular os fiéis brasileiros da paróquia Nossa Senhora da
Penha e o grupo da diocese de Porto Alegre, para todos implorando uma vontade que
procure a Deus, uma sabedoria que O encontre e uma vida que Lhe agrade. São os meus
votos e também a minha Bênção.
Saúdo os Reitores, Professores, Autoridades
e estudantes das diversas Universidades que amanhã, no Rio de Janeiro, começam o Simpósio
sobre «Humanização e Sentido da Vida». Em um mundo em rápida mudança, é preciso ajudar
o homem a descobrir, juntamente com o sentido da vida, a própria arte de viver. Faço
votos de que os trabalhos destes dias mostrem como a razão, iluminada pela fé, é capaz
de alargar o seu horizonte para enfrentar, com alegria, os grandes desafios da vida.”