Papa no Angelus: "O amor a Deus e amor ao próximo são inseparáveis"
Cidade do Vaticano (RV) - Milhares de fiéis e peregrinos participaram do Angelus
deste domingo, na Praça São Pedro, conduzido por Bento XVI, dia em que a Igreja no
Brasil celebra a Solenidade de Todos os Santos.
O Papa destacou que este domingo
nos repropõe o ensinamento de Jesus sobre o mandamento do amor, que é duplo: amar
a Deus e amar o próximo.
"Os Santos, que celebramos recentemente juntos numa
única festa solene, são aqueles que confiando na graça de Deus, buscam viver segundo
essa lei fundamental. Na verdade, o mandamento do amor pode ser colocado em prática
plenamente somente por quem vive uma relação profunda com Deus, assim como a criança
se torna capaz de amar a partir de um bom relacionamento com sua mãe e seu pai" –
frisou o Papa.
"São João de Ávila, que recentemente proclamei Doutor da Igreja,
assim escreve no início de seu Tratado do Amor de Deus: 'A causa que mais impulsiona
o nosso coração ao amor de Deus é considerar profundamente o amor que Ele teve por
nós. Isto, mais que os benefícios, impele o coração para amar, porque quem faz a outro
um benefício, lhe dá algo que possui; mas aquele que ama, se doa com o que tem, sem
que lhe sobre algo para oferecer. Antes de ser um mandamento, o amor é um dom, uma
realidade que Deus nos revela e nos faz experimentar, para que como uma semente possa
germinar também dentro de nós e se desenvolver em nossa vida'" – sublinhou ainda Bento
XVI.
"Se o amor de Deus aprofundou suas raízes numa pessoa, ela se torna capaz
de amar até mesmo quem não merece, como Deus faz conosco. O pai e a mãe não amam os
filhos somente quando eles merecem: os ama sempre, até mesmo quando faz com que eles
entendam que estão errados. De Deus aprendemos a querer sempre e somente o bem e nunca
o mal. Aprendemos a olhar o outro não somente com os nossos olhos, mas com os olhos
de Deus, que é o olhar de Jesus Cristo. Um olhar que vem do coração e não para na
superfície, mas vai além das aparências e consegue captar os anseios profundos do
outro: de ser ouvido, de uma atenção; numa palavra: de amor. Mas se verifica também
o sentido inverso: abrindo-me ao outro assim como ele é, indo ao seu encontro, tornando-me
disponível, eu me abro também para conhecer a Deus, para sentir que Ele existe e é
bom" – destacou o pontífice.
O Papa explicou que o "amor a Deus e amor ao
próximo são inseparáveis e estão em relação recíproca. Jesus não inventou nem um nem
outro, mas revelou que eles são um único mandamento, e o fez não só com palavras,
mas, sobretudo, com o seu testemunho: a Pessoa de Jesus e todo o seu mistério encarnam
a unidade do amor a Deus e ao próximo, como os dois braços da Cruz, vertical e horizontal.
Na Eucaristia, Ele nos doa esse duplo amor, doando-nos a Si mesmo, para que, alimentados
por esse Pão, nos amemos uns aos outros como Ele nos amou."
Bento XVI concluiu
sua alocução, pedindo a intercessão da Virgem Maria a fim de que "todo cristão saiba
mostrar a sua fé no único Deus verdadeiro com um testemunho claro de amor ao próximo".
(MJ)