Cidade do Vaticano (RV) - A cada minuto - afirmam
organizações internacionais - oito pessoas abandonam tudo para fugir de guerras, perseguições
ou dos horrores de um conflito. Para muitos, a escolha é entre o terrível e algo ainda
pior.
Nesta semana, foi divulgada a mensagem do Papa Bento XVI para para o
Dia Mundial do Migrante e do Refugiado de 2013, cujo tema é: “Migrações: peregrinação
de fé e de esperança”.
O fluxo migratório hoje certamente é marcado pelo desejo
de fuga de realidades difíceis onde há violências, guerras e também pela precariedade
econômica, pela carência dos bens essenciais, sem esquecer as calamidades naturais.
Para muitos, a emigração “torna-se um calvário de sobrevivência” – escreveu o Papa
- que leva muitas pessoas a ficarem em “condições de marginalidade e, por vezes, de
exploração e privação dos direitos humanos fundamentais”.
Neste cenário a
mensagem de Bento XVI chama a atenção para a imigração ilegal, que pode levar ao tráfico
e exploração de pessoas, com maior risco para as mulheres e as crianças.
Nos
dias passados se realizou em Manaus um Seminário, organizado pela Rede Um Grito pela
Vida Regional Amazonas, sobre o tema “Tráfico de Pessoas – desperte para esta realidade”.
O tema motivou os participantes a tecerem um olhar sobre a triste realidade que viola
os direitos humanos e teve como objetivo sensibilizar e compartilhar informações sobre
o tráfico de pessoas.
O tráfico de pessoas já foi definido como uma moderna
forma de escravidão, que abrange pessoas no mundo inteiro, um problema ao qual não
se pode ficar indiferente. A Polícia Federal diz que é grande a dificuldade de controlar
o tráfico, principalmente humano, por ser a terceira economia mundial ilícita. Todos
os anos, cerca de 60 mil brasileiras são vitimas do tráfico de pessoa (segundo dados
do Ministério da Justiça).
“Uma gestão regulamentada dos fluxos migratórios
– que não se reduza ao encerramento hermético das fronteiras, ao agravamento das sanções
contra os ilegais e à adoção de medidas que desencorajem novas chegadas – poderia
pelo menos limitar o perigo de muitos migrantes acabarem vítimas dos referidos tráficos”,
indica Bento XVI na sua mensagem.
O desejo de uma vida melhor é o desejo que
anima muitos migrantes a ultrapassar o desespero de um futuro impossível de construir.
“Muitos encetam a viagem animados por uma profunda confiança de que Deus não abandona
as suas criaturas e de que tal conforto torna mais suportáveis as feridas do afastamento
e da separação”, diz Bento XVI.
Hoje o Brasil vê muitos de seus filhos - que
um tempo deixaram o país em busca de uma vida melhor - voltarem com a mesma esperança
com que partiram, recordando a frase que o melhor lugar para se viver é onde você
nasceu e criou raízes.
Aqueles que emigram trazem consigo sentimentos de confiança
e de esperança que animam e alentam a procura de melhores oportunidades de vida. A
fé certamente é um componente que ajuda a suportar dificuldades e colocar nas mãos
daquele que tudo pode, os sonhos e anseios.
O Papa na sua mensagem considera
que os governos devem fazer tudo o que está a seu alcance para que os seus cidadãos
não tenham que emigrar. Fala do direito que todas as pessoas têm a “não emigrar”,
mantendo condições para permanecer nas suas próprias terras. Um convite sempre atual
para quem governa. (Silvonei José)