2012-11-03 12:19:20

Editorial: O direito de ficar


Cidade do Vaticano (RV) - RealAudioMP3 A cada minuto - afirmam organizações internacionais - oito pessoas abandonam tudo para fugir de guerras, perseguições ou dos horrores de um conflito. Para muitos, a escolha é entre o terrível e algo ainda pior.

Nesta semana, foi divulgada a mensagem do Papa Bento XVI para para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado de 2013, cujo tema é: “Migrações: peregrinação de fé e de esperança”.

O fluxo migratório hoje certamente é marcado pelo desejo de fuga de realidades difíceis onde há violências, guerras e também pela precariedade econômica, pela carência dos bens essenciais, sem esquecer as calamidades naturais. Para muitos, a emigração “torna-se um calvário de sobrevivência” – escreveu o Papa - que leva muitas pessoas a ficarem em “condições de marginalidade e, por vezes, de exploração e privação dos direitos humanos fundamentais”.

Neste cenário a mensagem de Bento XVI chama a atenção para a imigração ilegal, que pode levar ao tráfico e exploração de pessoas, com maior risco para as mulheres e as crianças.

Nos dias passados se realizou em Manaus um Seminário, organizado pela Rede Um Grito pela Vida Regional Amazonas, sobre o tema “Tráfico de Pessoas – desperte para esta realidade”. O tema motivou os participantes a tecerem um olhar sobre a triste realidade que viola os direitos humanos e teve como objetivo sensibilizar e compartilhar informações sobre o tráfico de pessoas.

O tráfico de pessoas já foi definido como uma moderna forma de escravidão, que abrange pessoas no mundo inteiro, um problema ao qual não se pode ficar indiferente. A Polícia Federal diz que é grande a dificuldade de controlar o tráfico, principalmente humano, por ser a terceira economia mundial ilícita. Todos os anos, cerca de 60 mil brasileiras são vitimas do tráfico de pessoa (segundo dados do Ministério da Justiça).

“Uma gestão regulamentada dos fluxos migratórios – que não se reduza ao encerramento hermético das fronteiras, ao agravamento das sanções contra os ilegais e à adoção de medidas que desencorajem novas chegadas – poderia pelo menos limitar o perigo de muitos migrantes acabarem vítimas dos referidos tráficos”, indica Bento XVI na sua mensagem.

O desejo de uma vida melhor é o desejo que anima muitos migrantes a ultrapassar o desespero de um futuro impossível de construir. “Muitos encetam a viagem animados por uma profunda confiança de que Deus não abandona as suas criaturas e de que tal conforto torna mais suportáveis as feridas do afastamento e da separação”, diz Bento XVI.

Hoje o Brasil vê muitos de seus filhos - que um tempo deixaram o país em busca de uma vida melhor - voltarem com a mesma esperança com que partiram, recordando a frase que o melhor lugar para se viver é onde você nasceu e criou raízes.

Aqueles que emigram trazem consigo sentimentos de confiança e de esperança que animam e alentam a procura de melhores oportunidades de vida. A fé certamente é um componente que ajuda a suportar dificuldades e colocar nas mãos daquele que tudo pode, os sonhos e anseios.

O Papa na sua mensagem considera que os governos devem fazer tudo o que está a seu alcance para que os seus cidadãos não tenham que emigrar. Fala do direito que todas as pessoas têm a “não emigrar”, mantendo condições para permanecer nas suas próprias terras. Um convite sempre atual para quem governa. (Silvonei José)







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