Capela Sistina será climatizada para resguardar obra de Michelângelo
Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Bento XVI celebrou no último 31 de outubro
as Vésperas na Vigília da Solenidade de Todos os Santos na Capela Sistina, na data
em que completou 500 anos desde a sua inauguração. A rádio Vaticano conversou com
o diretor dos Museus Vaticanos, Antonio Paolucci, sobre o significado desta obra-prima
e o perigo que os 5 milhões de visitantes anuais podem representar para os afrescos
de Michelangelo. Segundo Antonio Paolucci, é necessário, primeiramente, pensar
a Capela Sistina como um local por excelência da arte universal. “A Capela Sistina,_destaca_
é, de fato, um dos locais em museus mais célebres do mundo. É o local onde se celebram
as grandes liturgias papais, onde os cardeais elegem o novo Pontífice, e tudo isto
tem um efeito extraordinário sobre os fiéis e sobre homens e mulheres de todo o mundo,
de cada credo ou mesmo os que não professam nenhuma religião. Acredito que na sensibilidade
dos nossos artistas contemporâneos, Michelangelo, juntamente com Leonardo da Vinci,
ocupe o primeiro lugar. Também para os fiéis do mundo inteiro a Capela Sistina está
relacionada com a Igreja Católica. As suas pinturas e os seus afrescos representam
o catecismo básico da nossa fé. A teologia, a doutrina católica, estão representados
nos seus afrescos não somente por Michelangelo, mas também por Boticelli, Perugino,
Ghirlandaio e Rosselli: da entrega das chaves à história de Moisés, àquela de Cristo,
ao início do mundo e do seu fim. Do Alfa ao Ômega, o Apocalipse, o Inferno, o Paraíso....
Todo o catecismo está, poderíamos dizer, nas figuras da Capela Sistina.” Perguntado
sobreo alarme lançado sobre as condições de conservação da Capela Sistina
e a possibilidade da realização de visitas por um número reduzido de turistas, respondeu
Paolucci: “A minha preocupação agora é aquela de controlar e eliminar as variáveis
de risco que uma pressão antrópica muito forte, um número muito grande de visitantes
possa trazer consigo. Não que existam perigos a curto prazo para os afrescos de Michelangelo
e dos outros artistas. Mas todas estas pessoas, cinco milhões por ano, em alguns dias
20 mil, levam com sua presença alguns riscos: a poeira que cada um leva consigo vinda
de fora, a umidade, a temperatura, o anidrido carbônico, que são conseqüência de nossa
respiração. Se se levar em conta que atualmente a temperatura e a umidade não são
controladas de modo rigoroso no interior da capela Sistina, este somatório de fatores
poderá, com o tempo, desencadear processos de degradação. Assim, antes de permitir
apenas um numero fechado de visitantes, eu estou pesquisando junto às empresas mais
importantes do mundo deste setor, um novo sistema de climatização de ambiente, de
última geração, que permita retirar os agentes poluidores, a poeira e um controle
absoluto da temperatura e da umidade, permitindo assim uma boa saúde para a Capela
Sistina e aos seus afrescos nos próximos 5 séculos. Proximamente apresentaremos um
projeto ao público. E, como existem financiamentos, acredito que no próximo ano o
novo sistema poderia entrar em funcionamento”, completou.(JE)