Polícia Federal inicia retirada de índios Kaduwéu no MS
Campo Grande (RV) - A Polícia Federal (PF) iniciou a retirada de 60 famílias
Kadiwéu de uma área de cerca de 160 mil hectares de terra indígena demarcada em 1900
e homologada em 1984, no município de Porto Murtinho, na região do Pantanal do Mato
Grosso do Sul. A área fica dentro da Terra Indígena Kadiwéu.
O território
estava ocupado por 23 fazendas de gado até abril passado, quando os Kadiwéu retomaram
a área, expulsando os fazendeiros. Uma decisão da Justiça Federal concedeu uma liminar
determinando a retirada dos indígenas da área.
O Ministério Público Federal
(MPF) do Mato grosso do Sul entrou com um recurso contra a decisão, ainda não julgado,
e uma liminar que pedia a suspensão da reintegração e desocupação. O pedido foi negado
pela justiça.
"Nós vamos continuar na terra até que saia a decisão do Supremo
Tribunal Federal", advertiu o presidente da Associação das Comunidades Indígenas da
Reserva Kadiwéu (ACIRK), Francisco Matchua. Os indígenas estão concentrados em uma
das fazendas, onde o prazo dado para a reintegração de posse foi de 30 dias. No restante,
a Justiça deu cinco dias para que os indígenas deixassem o local. "Nós vamos resistir
até o final", conclui Francisco.
No último sábado, 27, um historiador, um
advogado e quatro lideranças indígenas foram perseguidos por cerca de 20 homens armados
em seis caminhonetes, quando se deslocavam até a área do conflito. Advogado do Conselho
Indigenista Missionário (CIMI), o indígena Terena Luiz Henrique Eloy disse ter sentido
na pele "a guerra instalada no Mato Grosso do Sul contra os índios". "Fui literalmente
perseguido por pistoleiros", relata.(JE)