O heroísmo da Igreja ao lado dos mais esquecidos. Ouça
Cidade
do Vaticano (RV) - O Presidente da Comissão Episcopal para Amazônia, Cardeal Cláudio
Hummes, realizou nestes últimos meses uma série de visitas a dioceses e prelazias
nos municípios de Castanhal, Abaetetuba e a região marajoara, no Pará. Em seu itinerário
amazônico, Dom Cláudio revela ter constatado o ‘heroísmo da Igreja’, daqueles homens
e mulheres que trabalham junto aos brasileiros mais esquecidos. Nesta entrevista,
ele também traz o testemunho comovente do seu encontro com um sacerdote local.
“É
um momento sempre muito bom, muito importante encontrar o bispo isolado, lá no meio
da floresta... estes dias estive em Tabatinga, na fronteira com a Colômbia, em Tefé,
em Benjamin Constant, Atalaia do Norte, em toda aquela região, visitando os bispos,
as comunidades, e ouvindo, sobretudo. E aí, a gente acaba descobrindo como na verdade
ali, em primeiro lugar, há um grande heroísmo da Igreja: a Igreja ali é heróica, é
pobre, é apaixonada, como todos devemos ser; levar Jesus Cristo aos mais pobres. Há
muita pobreza, muita desassistência do poder público. É realmente triste como estes
brasileiros, e os indígenas, estão tão desassistidos nas questões de saúde, de educação...
enfim, falta assistência, falta presença do poder público, falta tudo. Dinheiro existe,
só que é desviado, não chega... estas coisas todas. Então realmente a gente precisa
ir lá, tentar animar, estimular e mostrar todo o apreço que a CNBB tem por esta Igrejas,
por estes bispos, por estes missionários e missionárias”.
“Eu encontrei,
por exemplo, missionários padres que estão ali anos e anos, envelhecidos e doentes.
Um deles veio conversar comigo, um homem idoso, doente, e me disse, chorando.. “Dom
Claudio, eu preciso de um substituto, eu não aguento mais, não consigo mais levar
em frente a paróquia”. A gente fica impactado ao ver um homem chorando de verdade...
Estas situações são muito fortes. Nós as levamos à CNBB em relatórios, assembléias,
e está havendo uma grande e boa resposta da CNBB quanto a isso”. (CM)