Encontro no Vaticano: "Cultura pluriétnica no Brasil favorece diálogo inter-religioso".
Ouça Dom Biasin
Cidade do Vaticano
(RV) – Encerra-se esta terça-feira, no Vaticano, um encontro promovido pelo Pontifício
Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos sobre o diálogo judaico-católico.
Participam
deste encontro representantes de várias Conferências Episcopais. A finalidade é fazer
um balanço do diálogo entre as duas confissões religiosas e tomar conhecimento das
iniciativas empreendidas em várias partes do mundo para promover este diálogo e, assim,
ter uma panorâmica que possa incentivar uma postura mais homogênea por parte da Igreja
Católica.
Do Brasil, participa o Bispo de Barra do Piraí-Volta Redonda (RJ),
Dom Francisco Biasin, que é presidente da Comissão Episcopal para o Ecumenismo e o
Diálogo Inter-Religioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e nomeado, sábado
passado pelo Papa Bento XVI, membro do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso:
Nesta
entrevista ao Programa Brasileiro, na sede da Rádio Vaticano, Dom Francisco fala de
sua contribuição neste encontro e das iniciativas em comum entre judeus e católicos
no Brasil:
“Eu disse em primeiro lugar como é que surgiu o diálogo judaico-católico,
com uma Comissão que começou em 1981. Disse que no Brasil todo ano, de 18 anos para
cá, nós celebramos a 18ª edição agora, 15 dias atrás, em Belo Horizonte, todos os
anos temos a Assembleia judaico-católica, na qual tratamos um tema de interesse comum.
Este ano, por exemplo, tratamos da ética na ecologia. Depois falamos este ano no Brasil
do uso das redes sociais para projetos comuns, e sobretudo para favorecer o diálogo.
Além disso, nós temos uma experiência que talvez seja única no mundo: o fato de que
as famílias judaicas mandam seus filhos para fazer a Faculdade nas Pontifícias Universidades
Católicas ou nas universidades mantidas por congregações religiosas, como salesianos
ou congregações de irmãs, porque sentem que lá a educação e a formação têm um cunho
muito especial. Além de ser séria, ela tem também uma orientação bíblica, que é aquilo
que interessa para eles. Depois temos outra realidade: os jovens no Brasil estão sendo
convocados, iniciando de maneira pequena, a fazer uma experiência comum. Então, por
exemplo em São Paulo, tem seis jovens católicos, seis jovens muçulmanos e seis jovens
judeus que se encontram semanalmente, primeiro para colocar em comum a experiência
da sua própria fé, da sua própria religião, e depois para ver como influir nas universidades,
para criar um clima de respeito e de diálogo e, ao mesmo tempo, de defesa dos valores
comuns. A cultura pluriétnica do Brasil favorece demais esse tipo de diálogo.”