Cáritas Brasileira manifesta solidariedade aos Kaiowá e Guarani
Brasília (RV) - A Rede Cáritas Brasileira, reunida em encontro nacional em
Brasília (DF), de 23 a 25 de outubro de 2012, torna pública sua solidariedade aos
Kaiowá e Guarani de cinco comunidades (Passo Piraju, Arroio Korá, Potreto Guasu, Laranjeira
Nhanderuno e Pyelito Kue) no Estado do Mato Grosso do Sul, que estão resistindo radicalmente
à dizimação executada por parte de fazendeiros da região, principalmente depois da
ordem judicial de despejo.
“Juntamos nossa voz à voz dos povos indígenas do
Brasil, na exigência de interrupção imediata do extermínio dos Guarani e Kaiowá pela
força genocida do agronegócio, motivado pelo atual modelo desenvolvimentista que é
sustentado por governos e pelo capital”, lê-se na nota, divulgada esta segunda-feira.
Para
a Cáritas Brasileira, a reivindicação dos povos indígenas do Brasil pelo direito aos
seus territórios invadidos e grilados pelo ininterrupto processo de colonização dos
últimos 500 anos é legítima e necessária. “As relações de profundo significado de
convivência e subsistência que os índios mantêm com a terra é, para nós, sinal profético
que deve orientar a nossa mudança de posicionamento e comportamento, em relação aos
outros humanos e a toda a Terra, diante da grave crise que o modelo de produção capitalista
tem provocado. É vergonhoso que, além do silêncio das outras instâncias, o judiciário
brasileiro use de expedientes abusivos que remetem a medidas que justificavam as ações
de extermínio da era colonial.”
A entidade recorda que os Guarani-Kaiowá constituem
o segundo maior grupo indígena do país, com aproximadamente 43 mil pessoas, que têm
passado por situações de diminuição ou expulsão de suas terras, graves desrespeitos
aos direitos fundamentais e assassinatos de lideranças. Tendo seus territórios reduzidos
e impossibilitados de existirem segundo seu modo de vida tradicional, os Guarani-Kaiowá
têm passado por um processo lento de extermínio, com uma altíssima taxa de suicídios
entre os jovens.
Na reserva de Dourados, onde 14 mil índios estão confinados
em pouco mais de 3 mil hectares, os índices de assassinatos são alarmantes, segundo
análise do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) a partir de dados registrados entre
2003 e 2010. A situação da Reserva de Dourados foi classificada pela vice-procuradora-geral
da República, Deborah Duprat, como sendo “talvez a maior tragédia conhecida da questão
indígena em todo o mundo”. O silêncio do governo e dos principais órgãos de imprensa
sobre este genocídio só aumenta o escândalo e a tragédia.
“A Rede Cáritas se
junta às diversas forças sociais no apoio incondicional ao povo Guarani-Kaiowá, multiplicando
as vozes que exigem a suspensão da reintegração de posse e, por parte do governo –
considerando inclusive suas promessas de resolução -, providências imediatas para
a defesa da vida dos índios nas comunidades ameaçadas e a ampliação e demarcação definitiva
do território Guarani, que por direito, pertence ao povo indígena.”