Birmânia: mais de 100 mortos nos conflitos entre budistas e muçulmanos
Sittwe (RV) - Prosseguem no estado de Rakhine, Birmânia, os confrontos iniciados
no último domingo entre budistas e muçulmanos e que já deixaram um saldo de 122 mortos,
milhares de desabrigados, além de centenas de casas incendiadas. A população muçulmana
de origem árabe-bengalese, mesmo sendo maioria em relação à população local, não tem
sua cidadania reconhecida pelas autoridades.
O governo enviou o exército e
impôs um cessar-fogo. Já a ONU enfrenta com dificuldade a situação, pois, de um lado
não pode pressionar o governo local que está promovendo reformas em direção à democracia
após anos de ditadura e por outro, tem a necessidade de intervir e tutelar esta população
para que consigam chegar aos campos de refugiados onde falta absolutamente tudo ou
então fugir em direção ao vizinho Bangladesh, onde são constantemente rejeitados. As
autoridades birmanesas intervém com violência para separar os birmaneses budistas
dos muçulmanos Rohingya, provocando muitas vítimas, sobretudo entre os muçulmanos.
O governo justifica o uso da violência como única forma de separar os dois grupos.
A
comunidade internacional, ao mesmo tempo, pressiona para que os Rohingya sejam tutelados,
pois se trata de uma das maiores, senão a maior das minorias existentes no mundo e
que não tem nenhuma espécie de reconhecimento legal. São pelo menos 800 mil indivíduos
que nenhum pais quer receber. (JE)