Cardeal Filoni propõe novo modelo de diálogo entre Santa Sé e Governo Chinês
Roma (RV) - A carta do Papa dirigida aos católicos chineses em 2007 permanece
válida também no sentido de favorecer uma retomada do diálogo entre Santa Sé e Governo
de Pequim, um diálogo que poderia ser reiniciado através a criação de uma Comissão
bilateral permanente de altíssimo nível entre a China e a Santa Sé, nos mesmos moldes
daquela existente entre China e Taiwan. É o que propõe o Prefeito da Congregação para
a Evangelização dos Povos, Cardeal Fernando Filoni, em artigo publicado nesta quinta-feira
no site do trimestral Tripod, do Holy Spirit Study Center, da Diocese de Hong Kong. Por
ocasião do quinto aniversário da publicação da Carta de Bento XVI, o Prefeito da Congregação
para a Evangelização dos Povos confirmou “o valor, a oportunidade e a atualidade”
daquele texto pontifício que “poderia verdadeiramente representar um ponto de partida
para o diálogo na Igreja na China, além de estimular aquele entre Santa Sé e Governo
de Pequim”. "A carta papal dirigida aos católicos chineses em 2007, adverte o Cardeal,
não tinha um objetivo principal de cunho político. Ela buscava antes de tudo, manifestar
publicamente qual era a postura da Sé Apostólica em relação à complexa situação da
Igreja na China". "Depois de anos de estudo, recordou o Purpurado, a Santa Sé tinha
a clara percepção de que a Igreja na China no seu conjunto nunca havia sido cismática.
Esta porém, continuava a viver uma dilacerante divisão entre aqueles que não aceitavam
o controle político imposto pelas autoridades civis e aqueles que, pelo contrário,
o suportavam para sobreviver". As profundas feridas internas no seio da Igreja
não conseguiram ser curadas, também devido a interferências externas. Em função disto,
adverte,"cada tentativa de favorecer a reconciliação eclesial no caso chinês, implica,
necessariamente, a necessidade de diálogo entre Santa Sé e os poderes civis chineses". Nestes
cinco anos desde a publicação da Carta, ao invés de um diálogo aberto e leal desejado
pelo Papa com as autoridades de Pequim, o que se viu foram incompreensões, acusações
e endurecimento de posições baseados, sobretudo, em notícias incompletas e falsas. Após
admitir que algumas iniciativas e reações da Santa Sé não foram bem recebidas pelo
Governo chinês, o Prefeito deste Dicastério vaticano citou três sinais preocupantes
mais recentes nesta relação, como o caso do Bispo Matteo Ma Daquin, de Xangai, privado
de sua liberdade porque no dia de sua ordenação episcopal manifestou desejo de dedicar-se
plenamente ao trabalho pastoral, abdicando assim dos encargos que o Governo lhe havia
incumbido. Diante desta situação, o Cardeal Filoni questiona se não é chegado
o tempo de se pensar a um novo modelo de diálogo, mais aberto e a um nível mais levado.
Ele citou como exemplo as comissões estabelecidas entre Pequim e Taipei e os instrumentos
de contato em que Santa Sé e o Vietnã encontraram um modus operandi er progrediendi.
(JE)