2012-10-23 12:19:13

Síria: a dor e o medo dos cristãos


Damasco (RV) - O grave atentado perpetrado no último domingo no bairro de Bab-Touma, em Damasco, renova nos cristãos sírios angústias e perguntas às quais somente “os próximos dias poderão dar uma resposta”. Mas enquanto isso, “muitos já tomaram a estrada do êxodo. Outros estão se preparando para a possibilidade de uma partida a qualquer momento”. E uma Igreja sem fiéis é destinada a tornar-se uma “testemunha silenciosa”. Foi o que escreveu em uma nota enviada à agência, o Arcebispo maronita de Damasco, Dom Samir Nassar, que conta as primeiras reações registradas entre os cristãos da capital síria após a explosão de um carro-bomba na área cristã da Cidade Velha e que provocou a morte de 13 pessoas e dezenas de feridos.

Dom Nassar descreve cenas de pânico que ele testemunhou, com os pais correndo aflitos “em busca de seus filhos nas escolas do bairro”, enquanto as sirenes das ambulâncias acentuavam a sensação insuportável de viver em uma época apocalíptica. “Alguns dos fiéis – disse o prelado – colocaram-se de joelhos para rezar o Terço, implorando Nossa Senhora da Paz, antes da missa, que começou com 20 minutos de atraso. Celebrei a Missa no domingo às 18h, para apenas 23 pessoas; rezamos pelas vítimas da manhã e pelos muçulmanos que na Síria estão se preparando para celebrar a festa de Eid al Adha, no próximo dia 26 de outubro, na dor e no silêncio”.

O bairro de Bab-Touma é um lugar simbólico também para o martirológio da cristandade síria. Aqui, - recorda o Arcebispo Nassar - nas mesmas ruas que São Paulo teve que percorrer no tempo de sua conversão e do batismo recebido de Ananias, “11 mil mártires em 1860 banharam com o seu sangue cada centímetro quadrado”. Até agora Bab-Touma tinha sido poupada da violência que atinge a Síria desde 15 de março de 2011. Agora – pergunta-se Dom Nassar - que mensagem se desejou dar com um massacre planejado precisamente para o domingo, bem no centro histórico da Cidade Velha onde estão concentradas as igrejas cristãs? “É uma violência gratuita que bate à porta para aterrorizar os últimos cristãos já desmoralizados?"

Diante do terror e da violência - conclui o arcebispo maronita – o anúncio cristão se manifesta mais do que nunca como o da “Cruz redentora, do amor e do perdão”. E os cristãos de Damasco e da Síria têm necessidade da amizade e da oração de todos para suportarem uma condição caracterizada por uma “solidão caótica e amarga”. (SP)







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