"O povo quer se sentir amado pela Igreja": palavra do Cardeal Cláudio Hummes. Ouça!
Cidade
do Vaticano (RV) – No Brasil e em toda a América Latina, a Nova Evangelização
é um termo conhecido há décadas. Não obstante isso, a Igreja Católica está em crise:
faltam vocações e os fiéis abandonam a fé católica em favor de Igrejas evangélicas.
Para o Cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, é preciso renovar
a fé, evangelizar, mantendo vidas as comunidades já existentes. Dom Cláudio, nesta
entrevista à RV, afirma que as pessoas querem se sentir amadas pela Igreja, e para
isso, é preciso que nós mesmos renovemos nossa fé interior, com a alegria de amar.
“A Igreja Católica se sente muito afetada por esta crise, é claro. Você
dizia que também no Brasil, muitos católicos estão indo para outras crenças, sobretudo
para os evangélicos pentecostais, e na Europa sabemos qual é a situação. A questão
da fé é fundamental. Tanto que o Papa em certo momento, no documento em que proclama
o Ano da Fé, diz: Muitas vezes estamos tão preocupados em exigir as consequências
sociais e econômicas, culturais, políticas da fé, mas se os nossos políticos e nossas
lideranças nestas áreas não têm mais fé, como podem tirar consequências da fé? Nós
supomos uma coisa que não existe. Não podemos mais pressupor a fé. Temos que renová-la.
Tudo isso está dentro de um grande conjunto de preocupações, de eventos e de busca
de caminhos. Eu realmente estou convicto que este Sínodo também nos trará novos caminhos,
porque estão ali bispos de todo o mundo, reunidos em nome da Igreja. É claro que devemos
ouvir o Espírito Santo, não basta só dizer ‘ele está presente’, nós devemos estar
atentos para ouvi-lo e não apenas falar aquilo que é a nossa palavra, mas procurar
ouvir a palavra de Deus sob a iluminação do Espírito Santo”.
“Nós cremos
muito que realmente este Sínodo seja eficaz para a preocupação da Igreja em relação
a uma Nova Evangelização que seja também missionária. Esta questão é muito forte,
ou seja, não podemos mais apenas esperar o povo em nossas comunidades e evangelizá-lo.
É importante manter as comunidades já existentes, mantê-las vivas, mas temos que ter
a capacidade de sair em busca deste povo, organizadamente em missão, nos aproximar
do povo. O Papa disse aqui no Brasil que o povo mais pobre, principalmente aquele
que se sente tão só nas periferias do mundo, seja nas cidades ou nos campos; que se
sentem longes, isolados, sem ninguém, precisa da Igreja próxima, precisa sentir-se
amado pela Igreja. Só vai se sentir assim se formos até ele. Este povo é o objeto
primeiro destinatário desta grande e nova evangelização. Este é um dos caminhos fundamentais
é nós mesmos renovarmos a nossa fé em nós, e irmos com alegria, sem condenar o mundo
de hoje, pata amar e salvar este povo. Creio que a missão pode renovar a Igreja e
a Igreja pode ser uma voz iluminadora por nosso mundo, por nosso povo desorientado
diante da nova situação em que vivemos”.