Nova Evangelização e Redemptoris missio: o Espírito Santo torna missionária
toda a Igreja
Cidade do
Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, voltamos ao nosso encontro de todas as semanas
neste espaço reservado à nova evangelização, expressão no centro das nossas atenções,
sobretudo, nestes dias em que estamos acompanhando o Sínodo dos Bispos em andamento
no Vaticano com o tema "A nova evangelização para a transmissão da fé cristã".
Encontrando-nos
na segunda semana de trabalhos sinodais, vemos que algumas prioridades vão sendo identificadas
no âmbito da nova evangelização: a partir delas nascerão também as proposições dos
Padres sinodais. Depois teremos a Exortação apostólica pós sindal do Santo Padre,
documento que haverá de coroar todo esse trabalho e que certamente norteará a ação
evangelizadora da Igreja nas próximas décadas.
Enquanto isso podemos, de passagem,
citar algumas dessas prioridades até então emergidas: maior espaço aos leigos, chamados
a maiores responsabilidades pastorais; maior atenção aos pobres, aos migrantes, centralidade
da família, transmissora da fé – condição de possibilidade de uma nova evangelização;
maior atenção às uniões fora do casamento, às famílias feridas pela separação, pelo
divórcio, realidade dolorosa que envolve tantas pessoas, mas desejosas de prosseguir
o seu caminho com a Igreja; ecumenismo e diálogo inter-religioso. A necessidade de
ser cristão por convicção e não por tradição, partindo da conversão pessoal; a necessidade
de novos evangelizadores, que tenham uma fé reta, pratiquem a arte da oração, sejam
apaixonados por Jesus Cristo. E, não por último, que a Igreja seja toda ela missionária.
A
esse propósito, passemos agora à nossa revisitação à Redemptoris missio, encíclica
de João Paulo II de 1990 sobre a validade permanente do mandato missionário, trazendo
os números 26 e 27, cujo texto tem como título "O Espírito torna missionária toda
a Igreja": 26. "O Espírito impele o grupo dos crentes a « constituírem comunidades
», a serem Igreja. Depois do primeiro anúncio de Pedro no dia de Pentecostes e as
conversões que se seguiram, forma-se a primeira comunidade (cf. At 2, 42-47; 4, 32-35). Com
efeito, uma das finalidades centrais da missão é reunir o povo de Deus na escuta do
Evangelho, na comunhão fraterna, na oração e na Eucaristia. Viver a « comunhão fraterna
» (koinonía) significa ter « um só coração e uma só alma » (At 4, 32), instaurando
uma comunhão sob os aspectos humano, espiritual e material. A verdadeira comunidade
cristã sente necessidade de distribuir os próprios bens, para que não haja necessitados,
e todos possam ter acesso a esses bens, « conforme as necessidades de cada um » (At
2, 45; 4, 35). As primeiras comunidades, onde reinava « a alegria e a simplicidade
de coração » (At 2, 46), eram dinamicamente abertas e missionárias: « gozavam da estima
de todo o povo » (At 2, 47). Antes ainda da ação, a missão é testemunho e irradiação." 27.
"Os Atos dos Apóstolos mostram que a missão primeiro se dirigia a Israel, e depois
aos pagãos. Para a atuação dessa missão, aparece antes de tudo o grupo dos Doze que,
como um corpo guiado por Pedro, proclama a Boa Nova. Depois temos a comunidade dos
crentes que, com o seu modo de viver e agir, dá testemunho do Senhor e converte os
pagãos (cf. At 2, 46-47). Existem também enviados especiais, destinados a anunciar
o Evangelho. Assim a comunidade cristã de Antioquia envia os seus membros em missão:
depois de ter jejuado, rezado e celebrado a Eucaristia, ela faz notar que o Espírito
escolheu Paulo e Barnabé para serem enviados (cf At 13, 1-4). Logo, nas suas origens,
a missão foi vista como um compromisso comunitário e uma responsabilidade da Igreja
local, que necessita de « missionários » para se expandir em direção a novas fronteiras.
Ao lado destes enviados, havia outros que testemunhavam espontaneamente a novidade
que tinha transformado as suas vidas e uniam à Igreja apostólica, as comunidades em
formação. A leitura dos Atos mostra-nos que, no início da Igreja, a missão ad gentes,
embora contando com missionários integralmente dedicados a ela por vocação especial,
todavia era considera como o fruto normal da vida cristã, graças ao compromisso de
cada crente atuado através do testemunho pessoal e do anúncio explícito, sempre que
possível."
Amigo ouvinte, continuemos acompanhando também com nossas orações
os trabalhos dos Padres sinodais. Por hoje nosso tempo já acabou. Semana que vem tem
mais, se Deus quiser! (RL)