Rigor científico e paixão pelo homem: Bento XVI, sobre os vencedores do Prémio Ratzinger
Promover um saber que reuna ciência e sapiência, rigor científico e paixão pelo homem,
de tal modo que este possa descobrir a arte de viver: Este – segundo o Papa – o principal
mérito dos dois estudiosos hoje galardoados por Bento XVI com o “Prémio Ratzinger
para a Teologia” 2012: o padre jesuíta americano Brian Daley, professor de Teologia
na Universidade Notre Dame, nos Estados Unidos, e o historiador francês Rémi Brague
(foto), leigo casado, professor emérito de Filosofia Medieval, na Sorbona, em Paris,
e professor de Filosofia das Religiões europeias, em Munique. Bento XVI sublinhou
a competência e o empenho dos dois premiados em dois aspetos decisivos para a Igreja
do nosso tempo: o ecumenismo e o confronto com as outras religiões. Estudando a fundo
os Padres da Igreja – observou o Papa – o padre Daley colocou-se na melhor das escolas
para conhecer e amar a Igreja una e indivisa, na diversidade das suas diferentes tradições.
Por sua vez o professor Brague é um grande estudiosos da filosofia das religiões,
em especial da religião hebraica e islâmica na Idade Média. Estudos que, nos
50 anos do início do Concílio Vaticano II, convidam a reler dois documentos conciliares:
a Declaração “Nostra aetate”, sobre as religiões não cristãs, e o Decreto “Unitatis
redintegratio” sobre o ecumenismo, a que seria de acrescentar ainda – considerou o
Papa – “um outro documento que se revelou de extraordinária importância – a Declaração
“Dignitatis humanae”, sobre a liberdade religiosa. Bento XVI exprimiu o seu “apreço
e gratidão” pela atividade académica de investigação e divulgação desenvolvida pelos
dois premiados:
“Personalidades como o Padre Daley e o Professor Brague
são exemplares para a transmissão de um saber que une ciência e sapiência, rigor científico
e paixão pelo homem (…). Temos necessidade precisamente de pessoas (assim), que, através
da fé iluminada e vivida, tornem Deus presente e credível ao homem de hoje (…). Homens
cuja inteligência esteja iluminada pela luz de Deus, para que possam falar também
à mente e ao coração dos outros. (Isso) para que os homens e as mulheres do nosso
tempo possam descobrir e redescobrir a verdadeira arte de viver:
foi esta uma das grandes paixões do Concílio Vaticano II, mais do que nunca atual
no empenho da nova evangelização”.