Sínodo quase na fase final. A intervenção de D. Basílio, de Timor (ouça)
Com a participação do Santo Padre e com 253 presenças, prosseguiram na manhã desta
sexta-feira, no Vaticano, os trabalhos do Sínodo dos Bispos para a Nova Evangelização,
que se vai aproximando da fase conclusiva. Ontem, quinta-feira, tanto de manhã como
de tarde, os Padres sinodais tiveram reuniões de grupo - os chamados “círculos menores”,
doze ao todo, cujas sínteses foram apresentadas na assembleia desta manhã. Entretanto,
e dada a escassez de tempo disponível para as intervenções em direto, 18 Padres sinodais
entregaram por escrito a intervenção que tinham preparado. Entre estes, D. Basílio
do Nascimento, presidente da Conferência Episcopal de Timor Leste.
Na sua
intervenção, o Bispo de Baucau recorda a situação geográfica do país e a sua recente
independência. Com 18 mil km2 e 1 milhão e 150 mil habitantes, Timor é
um país de jovens, onde a médio etária é de 26 anos apenas. Não obstante os muitos
recursos naturais, a população é ainda muito pobre. Do ponto de vista da Igreja, 97
% da população é católica. Timor tem 3 dioceses e há seis meses foi constituída a
Conferência Episcopal. A Igreja em Timor Leste é florescente – afirma D. Basílio
do Nascimento. A população vive com simplicidade, mas com grande convicção, a sua
fé em Jesus Cristo, a começar pelos membros do governo, que não hesitam em testemunhar
publicamente a sua fé, não obstante o que diz a Constituição do país. Os timorenses
vivem com alegria e santo “orgulho” o facto de serem uma nação que acredita em Jesus
Cristo e pertence à Igreja Católica, em plena Ásia, embora nem sempre sejam conscientes
de tudo o que isso implica. É uma espécie de afirmação de identidade. Como as Filipinas,
Timor Leste são casos especiais (de presença cristã, católica) no continente asiático
– conclui D. Basílio do Nascimento, no texto entregue por escrito e transmitido aos
outros Padres sinodais. Uma observação que coincide com o que ele próprio nos dizia,
num depoimento recolhido, num intervalo dos trabalhos do Sínodo, pelo padre Bernardo
Suate.
A paróquia,
o papel dos leigos e dos catequistas, competências dos sacerdotes sobretudo nos locais
de peregrinação, de tudo isto se falou numa conferência de imprensa, nesta quinta-feira,
no Vaticano, sobre os trabalhos do Sínodo, especialmente sobre o “Relatório depois
do debate” (Relatio Post Disceptationem), proposto à assembleia, quarta-feira, pelo
Cardeal Donald Wuerl, sintetizando os principais temas tratados até ao momento no
Sínodo. A vivacidade da Igreja que se encontra na pessoa de bispos que vivem
em países e realidades tão diferentes entre si; os desafios e o entusiasmo que se
reacende perante o convite de Bento XVI à nova evangelização e à celebração do Ano
da Fé: são estes os elementos recorrentes nas várias intervenções. Verificam-se
depois algumas especificidades neste sínodo. Por exemplo, o cardeal John Tong Hon,
bispo de Hong Kong (China), sublinha a importância de continuar a falar do papel
dos catequistas, que deve ser valorizado precisamente graças à partilha de experiências.
Por seu lado o Cardeal Laurent Monsengwo Pasinnya, arcebispo de Kinshasa (Republica
Democrática do Congo), considera que devem ser novos o ardor, o método, as expressões
num mundo onde são muitos aqueles que deixaram de acreditar. Jan Babjak, Arcebispo
Metropolita de Presov para os católicos de rito bizantino, da Eslováquia, sublinha
a importância dos lugares de peregrinação recomendando que nesses lugares se coloquem
os sacerdotes mais preparados e maduros. D. José Horácio Gomez, arcebispo
de Los Angeles, considera “extraordinário”, nesta sua primeira aventura sinodal, encontrar-se
como parte de um Igreja que reflete e discute e sublinha a enorme importância do papel
dos leigos.