2012-10-15 11:59:13

Dom Manuel Clemente, bispo do Porto (Portugal): intervenção no Sínodo


Este o texto divulgado oficialmente:

!A novidade da nova evangelização não pode ser outra que não seja a descoberta e o aprofundamento da novidade constante de Cristo, nas atuais circunstâncias da Igreja e do mundo. Circunstâncias que, no meu país se define como uma população muito móvel e frequentemente opaca na mentalidade.
A mobilidade da população junta ao êxodo rural para as cidades a facilidade de comunicações diárias entre os diversos locais, com pontos sucessivos de fixação ou de passagem, por motivos de trabalho ou repouso (fim-de-semana). A opacidade pode derivar da maior densidade das realidades temporais quando absorvem a atenção imediata e as intenções de médio prazo, não abrindo facilmente espiritual e religioso. Generaliza-se, assim, o secularismo pessoal e ambiental.
Estas circunstâncias trazem problemas relativamente novos para a evangelização, pelo menos na intensidade com que se apresentam. As comunidades que eram mais estáveis, como as famílias e as paróquias, onde o conhecimento de Cristo e a vida cristã se transmitia naturalmente, já não existem e não integram facilmente os seus membros, sobretudo os mais jovens.
A dispersão e a itinerância tornam dificultosa a convivência habitual, familiar e comunitária. a individualização da vida, potenciada da tecnologia, induz ao subjetivismo e ao virtualismo que rarefazem a realidade social e eclesial. Por consequência, não é fácil reunir o indivíduo e a sociedade, o crente e a comunidade. Nada fácil, efectivamente.
Creio, portanto, que a novidade a procurar para a evangelização de hoje se apresente como redescoberta do Cristo vivo na coexistência de comunidades específicas. Estas, por sua vez, deverão integrar as relações inter-pessoais hoje indispensáveis: comunidades intercomunitárias, pontos fixos, mas interconactados. De qualquer modo indispensavelmente intercomunitárias, para que saibamos que é quando ficamos juntos que melhor experimentamos e partilhamos a presença do Ressuscitado no meio de nós.
As primeiras comunidades, nutridas da conversão autêntica e através de uma verdadeira iniciação cristã, deram origem, do mesmo testemunho vital e da reflexão dos seus pastores, expressões e práticas sociais e culturais de grande amplitude. As comunidades monásticas e paroquiais que os seguiram deram alma e corpo ao cristianismo medieval, com esplêndidos resultados em diversos âmbitos, seja eruditos seja populares."









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