Bispos portugueses intervieram sábado de manhã no Sínodo
Pausa dominical, ontem, no Sínodo dos Bispos sobre a nova evangelização. Os trabalhos
retomaram esta manhã, prosseguindo com as intervenções dos Padres sinodais. Entretanto,
sábado de manhã intervieram os bispos do Porto e de Lamego, representantes portugueses
no Sínodo. D. Manuel Clemente, vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa,
afirmou que o tema em debate desafia à “redescoberta e aprofundamento da novidade
constante de Cristo, nas atuais circunstâncias da Igreja e do mundo”. “A dispersão
e itinerância tornam difícil a convivência habitual, familiar e comunitária. A individualização
da vida, potenciada pela tecnologia, leva ao subjetivismo e ao virtualismo que rarefazem
a realidade social e eclesial”, declarou o prelado, citado pelo boletim oficial do
Sínodo dos Bispos. O bispo do Porto aludiu à realidade portuguesa, que disse ser
caraterizada por “uma população muito móvel e frequentemente opaca na mentalidade”.
D. Manuel Clemente destacou que essa opacidade “poda derivar da maior densidade das
‘realidades temporais’ quando absorvem a atenção imediata e as intenções a médio prazo”,
dificultando a abertura ao “horizonte espiritual e religioso”. “Generaliza-se assim
o secularismo pessoal e ambiental”, alertou. Por sua vez D. António Couto, bispo
de Lamego (foto), considerou que a Igreja “deverá ter a dinâmica das primeiras comunidades
cristãs”, como um “átrio permanente da fraternidade aberta ao mundo”. “Deverá ser,
por outro lado, uma Igreja anunciadora, completamente vinculada ao seu Senhor, não
seduzida pelas novidades da última moda”, acrescentou, apelando a um “estilo de vida
pobre, humilde, despojado, feliz, apaixonado, audaz, próximo e dedicado”. “Deixo
a pergunta: porque é que os santos lutaram tanto, e com tanta alegria, para serem
pobres e humildes, mas nós esforçamo-nos tanto para ser ricos e importantes?”, concluiu
o presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização. No final da
nona reunião geral dos participantes, D. Manuel Clemente foi eleito como um dos membros
da Comissão para a Informação deste Sínodo, presidida pelo arcebispo italiano D. Claudio
Maria Celli, responsável máximo do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais
(Santa Sé). A primeira semana da assembleia sinodal contou com mais de 130 intervenções
dos mais de 260 bispos presentes e outros convidados, tendo ficado marcada pela diversidade
de temas e preocupações apresentadas, da secularização e relativismo na sociedade
à imagem que os media transmitem da Igreja, passando por questões ligadas à liturgia
e sacramentos, formação do clero, organização territorial, imigração, família, arte
e cultura, ecumenismo ou mesmo um pedido de consagração do mundo ao Espírito Santo. (Cfr
Agência Ecclesia)