2012-10-12 17:02:20

Alegria humilde


Cidade do Vaticano (RV) - *O perfil do Pontífice idoso se delinea na noite de 11 de outubro, na moldura da janela mais popular no mundo, em um momento grandioso e emocionante. Ele sabe bem que os olhos e o coração de todos esperam uma palavra que se aproxime de um dos discursos improvisados mais famosos de todos os tempos, o "da lua" de seu inesquecível antecessor, João XXIII. A aparência e estilo são muito diferentes, mas a mensagem não é menos intensa e profunda.

50 anos atrás, o jovem Ratzinger, coração sacerdotal puro e inteligência apaixonada, também olhava da Praça para a janela, tomado de ardor ideal. Agora o olhar de Bento parece lançar-se mais para cima, em vez da multidão, porque ele penetra no mistério de Deus. Deus, primeira prioridade do pontificado, primeira referência de que o Concílio que ele nos convida a assumir como nosso na sua mais profunda e verdadeira intenção.

Deus e nossa história, Deus e a história da Igreja. "As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens, são também as dos discípulos de Cristo ..." assim se abre o último documento conciliar. História para ser lida à luz das parábolas evangélicas, como as das cizânias e da rede. História do pecado traiçoeiro e terrível, cristalizado em suas "estruturas" de pecado pessoal que fere e avilta a experiência de cada um de nós. Mas também história da graça que trabalha silenciosamente e se manifesta em "pequenas chamas de bondade, amor, verdade", como aqueles que pontuaram numeráveis e iluminaram a Praça nesta noite sem lua. Por esta razão alegria sóbria, alegria humilde; mas alegria verdadeira, consciente da presença e da ação do Espírito do Senhor que está conosco - apesar de tudo - e é forte e fiel.

Alegria humilde, pequenas chamas de bondade e verdade, que transformam e dão calor. Quem pensava que o Ano da Fé fosse se manifestar com uma série de eventos triunfais não entendeu bem. O Papa Bento olha em outra direção. E voltando a olhar para os fiéis na Praça conclui fazendo eco ao Papa João: "Ao voltar para casa, deem um beijo nas crianças, e digam-lhes que é do Papa." Um simples beijo suave, cheio de amor de Deus. O Ano da Fé começa assim.

*Pe. Federico Lombardi, SJ







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