Belo Horizonte (RV) - Dom Luiz Cappio, bispo que ficou conhecido pela sua luta
em defesa do Rio São Francisco, participou na manhã de quarta-feira, 10, em Belo Horizonte,
de uma série de atividades em comemoração aos 20 anos da Peregrinação da Nascente
à Foz do Rio São Francisco.
As festividades tiveram início às 13 horas, na
Igreja São José na capital, com uma coletiva de imprensa, em que o bispo e representantes
da Articulação Popular São Francisco Vivo falaram sobre as comemorações da Peregrinação,
as principais lutas pela revitalização do Rio São Francisco, desde Minas até Sergipe
e Alagoas; o processo de Transposição, além dos principais problemas vivenciados pelo
ecossistema e pelas comunidades ribeirinhas ao Rio.
Logo após a coletiva houve
um ato público nas escadarias da Igreja São José, com apresentações culturais, exposição
de fotos de resgate dos 20 de peregrinação, além de depoimentos e denúncias das comunidades
ribeirinhas de toda a bacia sobre os problemas vivenciados pelo “Velho Chico”. À noite
houve o seminário “O Rio São Francisco nestes 20 anos pós-peregrinação”, no auditório
da Faculdade de Direito da UFMG.
Já dos dias 11 a 13 de outubro, as atividades
serão realizadas em São Roque de Minas (MG), onde está localizada a nascente do São
Francisco. Estão sendo planejadas exposições fotográficas, seminários e momentos místicos
no local.
Sobre a Peregrinação
A Peregrinação é considerada a maior
mobilização ecológica/religiosa em defesa do Rio São Francisco, e a primeira foi realizada
entre outubro de 1992 e outubro de 1993, por quatro peregrinos: Dom Luiz Cappio, Adriano
Martins, Orlando Araújo e Irmã Conceição Menezes, mobilizando 350 comunidades nos
2.863 km de percurso do rio São Francisco.
Muitas iniciativas surgiram durante
e depois do evento: plantios de árvore, preservação de nascentes e matas em propriedades
particulares e comunitárias, mutirões de limpeza da beira do Rio, programas de educação
ambiental e semanas ecológicas nas escolas, mutirões de arborização das cidades.
A
Peregrinação foi motivada, na época, pela alarmante degradação do rio e foi uma das
primeiras mobilizações organizadas em defesa do Velho Chico. Passados 20 anos, a degradação
que impulsionou os peregrinos agravou-se. O Rio São Francisco perdeu 35% da sua vazão
nos últimos cinquenta anos e passou a sofrer com a construção de empreendimentos econômicos
que tem degradado ainda mais o rio. Recentemente, pesquisadores da Universidade do
Vale do São Francisco (Univasf) divulgaram uma pesquisa alertando para a extinção
da caatinga e as consequências para o Rio, que segundo eles, corre o risco de ser
extinto se a degradação continuar nesse ritmo.
Dom Luiz Cappio
Dom Luiz
convive há mais de 30 anos com os problemas do Vale do São Francisco. Em 2007 foi
premiado pela Pax Christi International, organização criada em 1945, para promover
direitos humanos. Em 2008, recebeu o Prêmio Kant de Cidadão do Mundo, na Alemanha.
Sobre
a Articulação
A Articulação Popular São Francisco Vivo (APSFV) existe desde
2005, atuando em todos os estados por onde o Rio São Francisco perpassa. Sua finalidade
é congregar e fortalecer movimentos populares e organizações sociais (associações,
sindicatos, pastorais, ONGs) na luta em defesa das comunidades e de toda a vida dependente
do grande rio e de seus afluentes. Fonte: Articulação Popular São Francisco Vivo. (CM)