Cidade do Vaticano (RV) - Hildegarda de Bingen (1098-1179) é considerada uma
das figuras mais extraordinárias da ciência humana europeia. Foi definida inclusive
a mulher mais inteligente da Idade Média. De nenhuma mulher medieval foram transmitidos
tantos testemunhos literários. Quem apresenta a figura e a obra desta santa beneditina
– que Bento XVI, neste domingo 7 de Outubro, proclama Doutora da Igreja – é o Cardeal
Karl Lehmann, Bispo de Mainz.
No âmago do pensamento teológico e espiritual
da santa está a Criação, no sentido não só moderno, porque remete sempre para o seu
autor, Deus o Criador, que pelo seu amor incomparável à existência criadora, quis
pôr o homem no centro da Criação. Santa Hildegarda nunca vê o homem e o mundo, o corpo
e a alma, a natureza e a graça, como fenômenos isolados. A antropologia está fortemente
ligada à cosmologia e, consequentemente, também à ecologia. Toda a Criação transparece
repetidamente através do nexo vivo que existe entre todos os fenômenos.
Para
descrever este nexo intrínseco de toda a Criação, e, sobretudo, a «harmonia» com
a qual as criaturas se relacionam umas com as outras até se completarem, Hildegarda
usa com frequência o termo «sinfonia», principalmente nas poesias e nos seus cânticos.
Santa Hildegarda não tem dúvidas quando afirma que Deus criou o nosso mundo como mundo
bom. Ela não fecha os olhos diante do mal e do pecado que causaram tanta destruição
e desarmonia na Criação.
Portanto, tudo depende da conversão do homem. São
célebres três escritos que contêm as suas visões: o Scivias, Conosci le vie (1141-1151),
o Liber Vitae Meritorum (1158-1163), o livro dos méritos da vida, e o Liber Divinorum
Operum(1165-1174), o livro das obras divinas. Este último livro com as visões cosmológicas
é considerado a obra-prima da sua mente criativa. Entre os anos 1150 e 1160 adquiriram
forma os seus escritos sobre as ciências naturais e sobre a medicina; obras que representam,
no estado atual, uma coletânea de experiências populares, herança clássica e tradição
cristã. (SP- Karl Lehmann, Bispo de Mainz)