2012-10-06 14:08:20

Editorial: mais um momento de Pentecostes


Cidade do Vaticano (RV) RealAudioMP3 Neste domingo, 7 de outubro, o Papa Bento XVI preside na Praça São Pedro, a Santa Missa de abertura da XIII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, dedicada ao tema “Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã”. Os trabalhos propriamente ditos terão inicio na segunda-feira dia 8 e se encerrarão no próximo dia 29. Ainda durante a celebração deste domingo o Santo Padre proclamará dois novos Doutores da Igreja: Santa Hildegarda de Bingen e São João d’Ávila. Serão cerca 262 os padres sinodais; o número mais alto provém da Europa: 103, da América 63, da África 50, da Ásia 39 e da Oceania 7. Do Brasil temos 3 bispos membros escolhidos pela CNBB e mais um escolhido pelo Papa, além de três auditores convidados. Para o Sínodo, o Papa Bento XVI nomeou 13 cardeais, 23 bispos e arcebispos, 44 especialistas e 49 auditores. Também presentes delegados fraternos, representantes de 15 Igrejas e comunidades eclesiais não ainda em plena comunhão com a Igreja Católica, entre eles o Arcebispo Anglicano de Cantuária, Dr. Rowan Williams, que falará na Sala do Sínodo, e do Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I.

A pergunta para quem não está tão presente na vida da Igreja poderia ser, mas o que é esse Sínodo, a que serve, quem participa?

Certamente poderia aqui falar de algo que muitos já tem conhecimento mas nunca é demais recordar aspectos importantes da nossa Igreja. O Sínodo nada mais é do que uma reunião, uma assembleia, uma palavra que vem do grego “syn-hodos”. Portanto, um lugar de encontro onde se reúnem bispos ao redor do Papa, que os convoca para consultas e colaborações. O Sínodo é uma assembleia de reflexão e não uma assembleia deliberativa. O Sínodo dos Bispos é uma instituição permanente criada pelo Papa Paulo VI em 15 de setembro de 1965, em resposta ao desejo dos Padres do Concílio Vaticano II de manter vivo o espírito de colegialidade episcopal formada pela experiência conciliar. A assembléia dos Bispos se refere à antiga tradição sinodal da Igreja, mas é uma novidade do Concílio Vaticano II, cuja abertura dos trabalhos ocorreu 50 anos atrás. Na conclusão do mesmo, depois de sintetizar todos os argumentos tratados e as proposições, o Santo Padre elabora o que se chama de Exortação pós-sinodal, como o fez recentemente, entregando em Beirute a Exortação Apostólica “Ecclesia in Medio Oriente”, fruto do Sínodo para o Oriente Médio realizado em 2010 aqui no Vaticano.
Mas como chegamos aos temas a serem tratados ao longo das 3 semanas de assembleia: tudo teve início com a preparação do “Lineamenta”, um texto base cuja intenção é refletir sobre o tema proposto. Com o “Lineamenta” são enviados questionários às Conferências Episcopais, aos Dicastérios da Cúria Romana e à União dos Superiores Gerais, além dos comentários de bispos, sacerdotes, pessoas consagradas, teólogos e fiéis leigos. Os diversos pareceres são recolhidos e resumidos em um “Instrumentum Laboris”. Depois de ser submetido à aprovação do Santo Padre, o documento é enviado a todos os bispos. Apesar de ser público o “Instrumentum laboris” não é uma versão do que será a conclusão, mas sim um documento indicativo que será objeto de discussão durante o Sínodo.
Como dissemos antes o tema do Sínodo deste ano é dedicado à Nova Evangelização, um tema de grande atualidade, principalmente para aquelas Igrejas onde se vive de modo mais latente o fenômeno do secularismo, do hedonismo, da não percepção de Deus na vida da sociedade e na vida individual. Fruto de modelos errôneos de comportamento, certas sociedades querem colocar Deus somente na espera do individual, tirando-o do convívio público. Por isso a Igreja deve evangelizar, ela existe para isso.

Há, poderiam dizer, uma séria crises na própria evangelização e na transmissão da fé em nossos dias, em várias partes do mundo. “Há falhas na evangelização, por ser insuficiente, inadequada, ou desfocada” - disse certa vez o Arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Scherer, que participa dos trabalhos deste Sínodo; “e quando a proclamação da Boa Nova não é feita bem, os frutos não aparecem”.

Não há mistérios nem fórmulas mágicas, continua Dom Odilo. Passou o tempo em que a fé era transmitida espontaneamente e vivida no ritmo da tradição e da pressão social. A questão toda é evangelizar de novo e fazê-lo bem. Ou a Igreja retoma com vigor a evangelização, feita de muitas maneiras; ou então, a fé deixa de ser transmitida. É como fechar um registro: a água não passa mais...

Na conclusão das 3 semanas de trabalho, depois de tantos pareceres, discussões, espera-se que a assembelia sinodal possa evidentemente indicar novos rumos para uma novo impulso da evangelização e da transmissão da fé, o que já ocorre de fato na América Latina e Caribe com a Missão Continental, fruto do Encontro de Aparecida. O Sínodo para a Nova Evangelização será certamente mais um momento de Pentecostes para a Igreja presente em todo o mundo, que anseia em evangelizar e levar a Boa Nova a toda criatura. (Silvonei José)







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