Cidade do Vaticano (RV) – Neste domingo, 7 de
outubro, o Papa Bento XVI preside na Praça São Pedro, a Santa Missa de abertura da
XIII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, dedicada ao tema “Nova Evangelização
para a transmissão da fé cristã”. Os trabalhos propriamente ditos terão inicio na
segunda-feira dia 8 e se encerrarão no próximo dia 29. Ainda durante a celebração
deste domingo o Santo Padre proclamará dois novos Doutores da Igreja: Santa Hildegarda
de Bingen e São João d’Ávila. Serão cerca 262 os padres sinodais; o número mais alto
provém da Europa: 103, da América 63, da África 50, da Ásia 39 e da Oceania 7. Do
Brasil temos 3 bispos membros escolhidos pela CNBB e mais um escolhido pelo Papa,
além de três auditores convidados. Para o Sínodo, o Papa Bento XVI nomeou 13 cardeais,
23 bispos e arcebispos, 44 especialistas e 49 auditores. Também presentes delegados
fraternos, representantes de 15 Igrejas e comunidades eclesiais não ainda em plena
comunhão com a Igreja Católica, entre eles o Arcebispo Anglicano de Cantuária, Dr.
Rowan Williams, que falará na Sala do Sínodo, e do Patriarca Ecumênico de Constantinopla,
Bartolomeu I.
A pergunta para quem não está tão presente na vida da Igreja
poderia ser, mas o que é esse Sínodo, a que serve, quem participa?
Certamente
poderia aqui falar de algo que muitos já tem conhecimento mas nunca é demais recordar
aspectos importantes da nossa Igreja. O Sínodo nada mais é do que uma reunião, uma
assembleia, uma palavra que vem do grego “syn-hodos”. Portanto, um lugar de encontro
onde se reúnem bispos ao redor do Papa, que os convoca para consultas e colaborações.
O Sínodo é uma assembleia de reflexão e não uma assembleia deliberativa. O Sínodo
dos Bispos é uma instituição permanente criada pelo Papa Paulo VI em 15 de setembro
de 1965, em resposta ao desejo dos Padres do Concílio Vaticano II de manter vivo o
espírito de colegialidade episcopal formada pela experiência conciliar. A assembléia
dos Bispos se refere à antiga tradição sinodal da Igreja, mas é uma novidade do Concílio
Vaticano II, cuja abertura dos trabalhos ocorreu 50 anos atrás. Na conclusão do mesmo,
depois de sintetizar todos os argumentos tratados e as proposições, o Santo Padre
elabora o que se chama de Exortação pós-sinodal, como o fez recentemente, entregando
em Beirute a Exortação Apostólica “Ecclesia in Medio Oriente”, fruto do Sínodo para
o Oriente Médio realizado em 2010 aqui no Vaticano. Mas como chegamos aos temas
a serem tratados ao longo das 3 semanas de assembleia: tudo teve início com a preparação
do “Lineamenta”, um texto base cuja intenção é refletir sobre o tema proposto. Com
o “Lineamenta” são enviados questionários às Conferências Episcopais, aos Dicastérios
da Cúria Romana e à União dos Superiores Gerais, além dos comentários de bispos, sacerdotes,
pessoas consagradas, teólogos e fiéis leigos. Os diversos pareceres são recolhidos
e resumidos em um “Instrumentum Laboris”. Depois de ser submetido à aprovação do Santo
Padre, o documento é enviado a todos os bispos. Apesar de ser público o “Instrumentum
laboris” não é uma versão do que será a conclusão, mas sim um documento indicativo
que será objeto de discussão durante o Sínodo. Como dissemos antes o tema do Sínodo
deste ano é dedicado à Nova Evangelização, um tema de grande atualidade, principalmente
para aquelas Igrejas onde se vive de modo mais latente o fenômeno do secularismo,
do hedonismo, da não percepção de Deus na vida da sociedade e na vida individual.
Fruto de modelos errôneos de comportamento, certas sociedades querem colocar Deus
somente na espera do individual, tirando-o do convívio público. Por isso a Igreja
deve evangelizar, ela existe para isso.
Há, poderiam dizer, uma séria crises
na própria evangelização e na transmissão da fé em nossos dias, em várias partes do
mundo. “Há falhas na evangelização, por ser insuficiente, inadequada, ou desfocada”
- disse certa vez o Arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Scherer, que participa dos
trabalhos deste Sínodo; “e quando a proclamação da Boa Nova não é feita bem, os frutos
não aparecem”.
Não há mistérios nem fórmulas mágicas, continua Dom Odilo. Passou
o tempo em que a fé era transmitida espontaneamente e vivida no ritmo da tradição
e da pressão social. A questão toda é evangelizar de novo e fazê-lo bem. Ou a Igreja
retoma com vigor a evangelização, feita de muitas maneiras; ou então, a fé deixa de
ser transmitida. É como fechar um registro: a água não passa mais...
Na conclusão
das 3 semanas de trabalho, depois de tantos pareceres, discussões, espera-se que a
assembelia sinodal possa evidentemente indicar novos rumos para uma novo impulso da
evangelização e da transmissão da fé, o que já ocorre de fato na América Latina e
Caribe com a Missão Continental, fruto do Encontro de Aparecida. O Sínodo para a Nova
Evangelização será certamente mais um momento de Pentecostes para a Igreja presente
em todo o mundo, que anseia em evangelizar e levar a Boa Nova a toda criatura. (Silvonei
José)