2012-10-06 14:10:36

Aproximam-se as eleições


Cidade do Vaticano (RV) - Neste domingo, dia 07 de outubro iremos, uma vez mais, às urnas escolher nossos governantes municipais. É uma eleição muito importante, porque iremos eleger o Prefeito e os cidadãos e cidadãs que irão compor a Câmara Municipal. A Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro já emitiu um boletim para toda a população sobre as eleições, que foi distribuído na semana passada em nossas paróquias. Além disso, um texto mais amplo e com detalhes foi entregue aos vigários episcopais para divulgarem nas paróquias, e ambos foram postados em nosso site oficial. Tudo acerca das eleições municipais. Além das reflexões já divulgadas, creio que seria importante repassar alguns princípios que nortearam nossas orientações.

Todos sabem que não temos candidato oficial e tampouco partido político. Não autorizamos nenhum sacerdote de nossa Arquidiocese, seja ele secular ou religioso, a se candidatar a cargos político-partidários. Fiéis à tradição da Igreja e ao Magistério Pontifício indicamos princípios norteadores, pelos quais os católicos devem pautar para a escolha de seus candidatos a Prefeito e a Vereador.

No final da Semana Nacional da Vida e às vésperas do Dia do Nascituro, é bom refletir que o primeiro e mais importante direito humano é a própria vida. Por isso, o primeiro e mais importante compromisso de um homem público é com a defesa da vida em todas as suas fases, desde a concepção até o seu termo natural, passando pelos direitos a saúde, trabalho, educação, habitação, lazer, locomoção para as crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos, pessoas com deficiência. Nós vivemos, infelizmente, em um ambiente em que a vida humana não está sendo valorizada. Muitas vezes a luta pela natureza vegetal e pelos animais supera a luta pela dignidade humana. A todo momento, deparamo-nos com o desejo de se instituir em nosso país o aborto e também a eutanásia. Nem sempre estas propostas emergem com a devida clareza para que possamos com elas dialogar, mostrando o valor da vida em todas as suas instâncias. Devemos, portanto, ter bastante clareza diante de propostas que, alegando defender a pessoa, na verdade pregam a rejeição à vida. Em nome todas as vidas inocentes ameaçadas de morte, não podemos aceitar tais propostas. Não podemos apoiar quem não é favorável à vida humana. A vida, direito natural primário, deve ser tutelada desde a concepção até o seu termo natural, e para isso não se faz concessões em hipótese alguma.

Outra questão é sobre a biografia do candidato. Devemos conhecer o que pensa, quais são suas propostas e qual é a sua vida. O futuro da humanidade passa pela família! Que valores o candidato acredita e defende? Quais são as suas concepções de família, estado, liberdade, meio ambiente, desenvolvimento e da missão que pretende exercer? Ele acredita na democracia representativa a que está se candidatando? Também tem importância a vida profissional do candidato. Não podemos votar em políticos que buscam o cargo para resolverem seu problema profissional ou financeiro, ou, como se costuma dizer, “gente que quer viver de ser político”. Infelizmente sabemos que a corrupção, que não é exclusividade dos políticos, tem sido quase que uma “cultura” paralela em nosso país.

A Igreja do Brasil trabalhou muito em busca de assinaturas para que se pudesse votar e implantar a lei da assim chamada “ficha limpa”. Essa tem sido muito elogiada pelos que querem bem o nosso país. Portanto, temos que ver também o compromisso do candidato com a moralidade e a ética. Não podemos votar em candidato “ficha suja”, candidato que esteja condenado, com trânsito em julgado. A juventude não pode desacreditar do poder político devido aos maus exemplos. O homem público veio para servir à causa pública e não se servir da coisa pública. A cada eleição iremos definindo o futuro da nação pelas opções que fazemos. Essa é a grande responsabilidade que pesa sobre nós ao darmos o nosso voto a um candidato que irá nos representar na câmara ou coordenar os caminhos de nossa cidade.

É necessário que se tenha bem claro a missão que se pretende assumir: executivo ou legislativo. É necessário ter clara qual a responsabilidade de cada um. É importante saber o papel do vereador, que é de legislar, de propor e discutir leis que sejam de fato importantes e decisivas para o futuro da cidade. O Vereador legisla e fiscaliza o cumprimento da missão do Executivo. Devemos fazer com que a Câmara Municipal seja o foro apropriado para a discussão das leis necessárias para o crescimento e o desenvolvimento da cidade que queremos para todos nós. É importante também saber quais são as obrigações que ele tem para com o programa do seu partido e o que esse partido propõe como orientação política. A fidelidade partidária obriga o candidato a muitos posicionamentos que nem sempre correspondem ao que esperamos do mesmo.
Que possamos ver nos eleitos pessoas comprometidas com a pessoa humana, com a dignidade, com a construção da paz em nossa cidade (e aqui temos uma grande missão!), com a superação das barreiras da segregação e com a inclusão de políticas que sejam para todos. O sonho de uma cidade onde todos vivam em paz e sem violência, tendo seus direitos respeitados, deve estar no pano de fundo de nossa opção nas eleições.

Que não votemos por conveniências ou apenas em busca de favores lembrando que o “voto não tem preço, tem consequências”. Lembremo-nos da lei 9840 que foi um grande avanço para a melhoria das eleições em nosso país. Que tenhamos a convicção de que o nosso voto será responsável pela escolha do que queremos para os próximos quatro anos para a cidade que amamos, na qual vivemos e que queremos que seja sempre a cidade de todos!

+ Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ







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