Rio de Janeiro (RV) - Em 1997, o Beato Papa João Paulo II ao despedir-se do
Rio de Janeiro disse: “Ao deixar esta terra abençoada do Brasil, eleva-se na minha
alma um hino de ação de graças ao Altíssimo..., e na certeza do amparo maternal de
Nossa Senhora da Penha, a proteger esta cidade querida desde o seu Santuário...”
O
Santuário Mariano da Arquidiocese do Rio de Janeiro tem uma longa história: começou
com a devoção do Capitão Baltazar de Abreu Cardoso no ano de 1635, portanto há 377
anos! Para uma cidade que irá completar em breve 450 anos de fundação como Vila de
São Sebastião, podemos afirmar que essa devoção mariana faz parte de nossa cultura,
além da presença desse Santuário na paisagem desta cidade. Entrando na cidade por
terra, água ou ar esse Santuário se destaca como o grande trono de Maria, a mãe de
Jesus, que nos convida a todos a olhar para o alto buscando a Deus e também, uma vez
no Santuário, nos chama a olhar para as necessidades de nosso povo que vive ao seu
redor.
O grito do Capitão Baltazar na primeira metade do século XVII “Minha
Nossa Senhora, valei-me”, como contam as biografias, continua ecoando em nossos dias!
As serpentes venenosas ameaçadoras continuam ao nosso redor, querendo nos colocar
medo diante das circunstâncias da vida pessoal, familiar ou social. A promessa da
capela no alto do Penhasco sinaliza o seu ato de gratidão pela vida poupada e pelo
sinal da intercessão de Maria. As romarias que começaram naquela época e as várias
construções que se sucederam trouxeram a convicção de um povo de fé, que vê em Maria,
Nossa Senhora da Penha, a mesma intercessão como nas Bodas de Cana, pedindo ao Seu
Filho para que não faltasse o vinho da alegria na festa do casamento, sinal da Aliança
de Deus com a humanidade. Sim, também hoje necessitamos da alegria da festa, da paz
entre nós, da presença da mãe diante das vicissitudes de seus filhos, e que nos ampara
e apresenta ao seu Filho Jesus, ao mesmo tempo em que nos apresenta Jesus. Aliás,
esta é a grande missão de Maria: trazer ao mundo o Filho de Deus e continuar anunciando-O
ainda hoje através dos sinais que, como revelações particulares, apenas reforçam ou
explicitam o que já foi revelado e está contido nas Sagradas Escrituras.
Depois
da primeira capela construída pelo Capitão Baltazar, foram construídas outras até
a atual, de 1870, ampliada em 1900 com torres e sinos. A famosa escadaria esculpida
na pedra foi mandada fazer devido a um voto. Hoje muitos a sobem para agradecer a
Deus as graças recebidas pelas orações da mãe Maria.
A Igreja, em 15 de junho
de 1935, foi agregada à Patriarcal Basílica de Santa Maria Maior, em Roma. Em 15
de setembro de 1966, meu predecessor o Cardeal D. Jaime de Barros Câmara elevou o
templo à categoria de Santuário Perpétuo. No dia 31 de maio de 1981, o Cardeal D.
Eugênio de Araújo Sales elevou o Santuário de Nossa Senhora da Penha à categoria de
Santuário Mariano Arquidiocesano.
Hoje, além do Santuário e da Igreja do Coração
de Jesus na base do penhasco, temos também a concha acústica para as grandes celebrações.
Futuramente teremos um grande local coberto para grandes concentrações. A Igreja histórica,
o Santuário Mariano da Arquidiocese, sempre permanecerá no alto da pedra como sinal
para esta cidade e seus visitantes. Desejamos que um dia cheguemos a tê-la como Basílica.
Neste
ano, na semana que antecede o início dos festejos, a imagem peregrina percorreu os
sete vicariatos de nossa Arquidiocese, chamando-nos à vida missionária. As catequeses
durante os sete dias foram sobre o Ano da Fé e sobre a Jornada Mundial da Juventude.
É Maria chamando seus filhos a serem missionários, a aprofundarem a fé e a acolherem
com alegria os jovens que virão para encontrar com Cristo nesta cidade, “Santuário
mundial da juventude” em 2013, juntamente com o Papa Bento XVI.
A Penha é um
convite à oração! A primeira imagem colocada na tosca capelinha era justamente de
N. Senhora do Rosário. Por isso as comemorações ocorrem no mês de outubro. Mais tarde,
a imagem retratando o episódio que fez surgir a devoção foi retratada como está hoje.
Duas
grandes pedras do Rio de Janeiro têm no alto dois importantes símbolos de nossa identidade:
a Penha e o Corcovado. Com esses sinais constantes em nossa retina, só nos cabe deixar
que permaneçam em nossos corações. Que estejam nossas vidas alicerçadas na “pedra
angular”, que é Cristo Jesus! Como bem recorda o hino de N. Senhora da Penha, que
ao vislumbrarmos de qualquer ponto da cidade o belo Santuário no alto do penhasco,
rezemos por esta cidade e seus visitantes para que tenhamos paz e peçamos: “a bênção,
a bênção, a benção, ó Mãe”.
† Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo
Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ