2012-10-04 13:33:37

Moçambique festeja 20 anos de paz


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Maputo (RV) - Neste dia 4 de outubro, em Moçambique, celebram-se 20 anos de paz. Trata-se de um aniversário histórico: de fato, em 1992 foi assinado em Roma o Acordo Geral de Paz de Moçambique, que pôs fim a dezesseis anos de guerra. O acordo foi alcançado com a mediação decisiva da Comunidade de Santo Egídio e negociado nos locais do antigo mosteiro que lhe dá o nome.

A guerra em Moçambique custou quase um milhão de mortos, cerca de dois milhões de refugiados no estrangeiro e cerca de quatro milhões de deslocados no interior, além da destruição de muitas infra-estruturas do país. 200.000 crianças ficaram órfãs ou abandonadas dando origem a uma elevada mortalidade infantil. Foi o drama de mais vastas proporções que abalou a história do país.

A Comunidade de Sant Egídio encontrou Moçambique, nos finais dos anos ’70, através do então Bispo de Beira, Dom Jaime Gonçalves. Depois de ter enviado ajudas humanitárias, a Comunidade descobriu que “a guerra é mãe de todas as pobrezas”, e que tudo parecia engolido pelos eventos bélicos que cancelavam todas as tentativas de reconstruir o futuro do país. Progressivamente tornou-se clara a necessidade de encarar o problema prioritário, o problema da reconciliação entre FRELIMO e RENAMO.

Devia-se determinar uma vontade de paz nos ambientes do governo e também no da guerrilha. Sem essa vontade, a paz não podia ser imposta por nenhum país, nem mesmo pelas grandes potências. Havia muitos obstáculos a ultrapassar como, por exemplo, a convicção, de ambos os lados, que se pudesse chegar à paz somente com a vitória militar. Depois de algumas tentativas de ter um apoio institucional, a Comunidade de Santo Egídio se propôs diretamente como “mediadora”.

Juntos com o então Bispo da Beira, Dom Jaime Gonçalves e com o representante do Governo Italiano, Mário Raffaelli, o Professor Andrea Riccardi (fundador da Comunidade de Santo Egídio) e Dom Matteo Zuppi (assistente eclesiástico da mesma comunidade) abriram as negociações em julho de 1990, na sede da Comunidade, em Trastevere. Naquela ocasião, Andrea Riccardi dirigiu às duas delegações (chefiada por Armando Emílio Guebuza a da Frelimo e por Raul Domingos a da Renamo) um discurso que pôs as bases do “método” das conversações.

Nesta quarta-feira, na Catedral de Maputo, realizou-se uma vigília de oração presidida pelo arcebispo dessa cidade, Dom Francisco Chimoio. Esta quinta-feira, a capital moçambicana acolheu a marcha pela paz que partiu da Praça da Independência até a Praça da Paz, onde foi celebrada uma cerimônia ecumênica.

Dulce Araújo do Programa Português de nossa emissora conversou com o maçambicano Pe. Bernardo Suate sobre a marcha da paz e os anos da guerra civil nesse país. (CM/MJ)








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