2012-10-04 12:23:30

Bento XVI em Loreto: "Quero confiar à Santíssima Mãe de Deus todas as dificuldades que vive o nosso mundo na busca de serenidade e de paz"


Loreto (RV) – O Papa Bento XVI deixou o Vaticano nesta manhã transferindo-se para a cidade de Loreto, região italiana das Marcas, em peregrinação ao Santuário da Santa Casa. Após uma viagem de helicóptero, o Santo Padre visitou o Santuário e celebrou a Santa Missa. Em seguida o almoço no Centro "João Paulo II". O retorno ao Vaticano está previsto para o fim da tarde. A visita de Bento XVI é a oitava de um Pontífice nos últimos 50 anos.

Na sua homilia na celebração da Santa Missa diante do Santuário e na presença de mais de 10 mil pessoas o Papa Bento XVI iniciou recordando que no dia 4 de outubro de 1962, o Beato João XXIII foi em peregrinação ao Santuário de Loreto para confiar à Virgem Maria o Concílio Ecumênico Vaticano II, que seria inaugurado uma semana depois.

À distância de cinqüenta anos, também Bento XVI quis ir em peregrinação a Loreto para “confiar à Mãe de Deus duas importantes iniciativas eclesiais: o Ano da Fé, que terá início daqui a uma semana, no dia 11 de outubro, no qüinquagésimo aniversário da abertura do Concílio Vaticano II, e a Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, convocada para o mês de outubro, com o tema «A Nova Evangelização para a transmissão da Fé Cristã».

Depois de saudar as autoridades civis e eclesiásticas presentes o Santo Padre recordou a Carta Apostólica de convocação, do Ano da Fé, um tempo de graça espiritual que o Senhor nos oferece, a fim de comemorar o dom precioso da fé. E justamente em Loreto - disse o Papa - temos a oportunidade de nos colocarmos na escola de Maria, que foi proclamada “Bem-aventurada” porque “acreditou”. E Bento XVI citou o Santuário:

“Este Santuário, construído ao redor de sua casa terrena, guarda a memória do momento no qual o Anjo do Senhor veio a Maria com o grande anúncio da Encarnação, e ela lhe deu sua resposta. Esta humilde habitação é um testemunho concreto e tangível do maior acontecimento da nossa história: a Encarnação; o Verbo se fez carne, e Maria, a serva do Senhor, é o canal privilegiado através do qual Deus habitou entre nós. Maria ofereceu a sua carne, colocou-se inteiramente à disposição da vontade de Deus, tornando-se “lugar” de sua presença, “lugar” no qual habita o Filho de Deus”.

O Beato João XXIII há cinqüenta anos, em Loreto, convidava a contemplar este mistério, a “refletir sobre esta união do céu com a terra, que é a finalidade da Encarnação e da Redenção”, e continuava afirmando que o próprio Concílio tinha como objetivo estender sempre mais o alcance benéfico da Encarnação e Redenção de Cristo em todas as formas da vida social.

“É um convite que ressoa hoje com particular intensidade. Na crise atual que atinge não apenas a economia, mas vários setores da sociedade, a Encarnação do Filho de Deus nos fala de quanto o homem é importante para Deus e Deus para o homem. Sem Deus o homem acaba por deixar prevalecer o seu egoísmo sobre a solidariedade e sobre o amor, as coisas materiais sobre os valores, o ter sobre o ser. É preciso voltar para Deus para que o homem volte a ser homem. Com Deus mesmo nos momentos difíceis, de crise, o horizonte da esperança não desaparece: a Encarnação nos diz que jamais estamos sozinhos, Deus entrou em nossa humanidade e nos acompanha”.

Mas o habitar do Filho de Deus na “casa viva”, no templo, que é Maria, nos leva a outro pensamento: onde Deus mora, devemos reconhecer que todos estamos “em casa”; onde Cristo mora, os seus irmãos e as suas irmãs não são mais estrangeiros. Maria, que é a mãe de Cristo é também nossa mãe, nos abre a porta da sua Casa, nos guia para entrarmos na vontade de seu Filho. É a fé, então, que nos dá uma casa neste mundo, que nos reúne em uma única família e que nos faz todos irmãos e irmãs.

“A fé nos faz habitar, morar, mas nos faz também trilhar o caminho da vida. Também a Santa Casa de Loreto conserva um ensinamento importante. Como sabemos, ela foi colocada numa estrada. Isso poderia parecer deveras estranho: do nosso ponto de vista, de fato, a casa e a estrada parecem se excluir. Na realidade, justamente nesse aspecto particular, encontra-se uma mensagem singular desta Casa. Ela não é uma casa privada, não pertence a uma pessoa ou a uma família, mas é uma habitação aberta para todos, que está, por assim dizer, na estrada de todos nós”.

Bento XVI recordou ainda um ponto importante do relato evangélico da Anunciação, um aspecto que jamais deixa de nos maravilhar: Deus pede o “sim” do homem, criou um interlocutor livre, pede que sua criatura Lhe responda com plena liberdade. Deus pede a livre adesão de Maria para se tornar homem. Certo, o “sim” da Virgem é fruto da Graça divina. Mas a graça não elimina a liberdade, ao contrário, a cria e a sustém. A fé não tolhe nada à criatura humana, mas permite a sua plena e definitiva realização.

O Santo Padre encerrou a sua homilia lembrando que a peregrinação de hoje, que repercorre a do Beato João XXIII – e que se dá, providencialmente, no dia em que se celebra a memória de São Francisco de Assis, verdadeiro “Evangelho Vivo” e com uma prece a Maria:

“Quero confiar à Santíssima Mãe de Deus todas as dificuldades que vive o nosso mundo na busca de serenidade e de paz; os problemas de tantas famílias que olham para o futuro com preocupação, os desejos dos jovens que se abrem à vida, os sofrimentos dos que esperam gestos e escolhas de solidariedade e de amor. Quero confiar à Mãe de Deus também este especial tempo de graça para a Igreja, que se abre diante de nós. Vós, Mãe do “sim”, que escutastes Jesus, falai-nos d’Ele, contai-nos sobre vossa estrada para segui-Lo no caminho da fé, ajudai-nos a anunciá-lo para que cada homem possa acolhê-lo e se tornar morada de Deus. Amém! (SP)








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