Santa Sé em Nova York: Crise na Síria se resolve respeitando o direito internacional
Nova York (RV) - O Secretário das Relações com os Estados, Dom Dominique Mamberti,
discursou na 67ª Sessão Ordinária da Assembleia Geral das Nações Unidas, nesta segunda-feira,
em Nova York, dedicada à resolução pacífica de controvérsias internacionais.
O
prelado destacou que "a crise na Síria se resolve respeitando as regras dos direitos
internacional e humanitário". Dom Mamberti voltou a pedir uma reforma dos organismos
da ONU em linha com o atual cenário internacional, destacando o enfraquecimento no
âmbito prático e dos objetivos enunciados na Carta das Nações Unidas.
Após
quase 67 anos de fundação, a ONU é um gigante com pés de barro e talvez não só os
pés. O prelado ressaltou que desde seu nascimento até hoje, as Nações Unidas produziram
um corpo de leis de referência quase universal em defesa da paz. Defesa dos direitos
humanos, desarmamento nuclear, cooperação para o desenvolvimento, resolução de conflitos
regionais, bilaterais ou civis. São várias as áreas em que a ONU interveio e legiferou.
"Como é possível que não obstante a adesão universal à Carta das Nações Unidas
e aos Tratados Fundamentais, não seja possível estabelecer uma justa e verdadeira
governabilidade mundial" – perguntou-se o arcebispo.
A pergunta é crucial como
são também as situações dramáticas que afetam várias partes do mundo, muitas vezes
dominadas pela guerra, terrorismo e a criminalidade, meios considerados como "a maneira
mais fácil para certos setores da população mundial de sair da pobreza e criar um
espaço na arena internacional".
O prelado citou ainda as persistentes desigualdades
de vários tipos, o aumento da distância entre ricos e pobres, o progresso tecnológico
de um lado impetuoso e de outro confuso, e a crise econômica e financeira mundial.
"Tudo isso prejudicou o equilíbrio internacional desde a Guerra Fria até hoje,
desintegrando ao longo dos anos o núcleo de valores defendidos pela ONU" – ressaltou
Dom Mamberti.
O arcebispo disse que a Santa Sé propõe uma resposta moral e
a necessidade de se perguntar se as crises que assolam o Planeta não estão ligadas
a uma profunda crise antropológica, ou seja, a uma falta de entendimento comum sobre
o que é na verdade o ser humano. "Negar esta visão transcendente torna ilusório querer
garantir a coexistência pacífica entre os povos" – concluiu. (MJ)